12.04.1920 - Capodístria/Itália
09.09.1996 - Curitiba/Paraná
Frei Norberto era filho de Umberto De Carli e Luigia Gandusio. Nasceu aos 12 de abril de 1920, em Capodístria, diocese de Trieste, na Itália. Eram em dois irmãos: Umberto e Norberto. Ambos tornaram-se sacerdotes capuchinhos. Foi batizado aos 3 de junho de 1920 e crismado em junho de 1927, também em Trieste. Recebeu a primeira Eucaristia aos 10 de agosto de 1927, em sua terra natal.
Após uma primeira experiência no seminário de Capodístria, ingressou para o seminário de Rovigo aos 02 de agosto de 1932, sendo o diretor Frei João de Pescantina. Sua vestição foi aos 01 de agosto de 1936, em Bassano del Grappa, tendo como mestre de noviciado Frei Romualdo de Soava. Professou temporariamente aos 02 de agosto de 1937 e, perpetuamente, aos 14 de setembro de 1941. Recebeu os ministérios de leitor (21.03.1942) e de acólito (19.06.1943), sendo ordenado sacerdote (21.05.1944), pelas mãos do Cardeal de Veneza, Adeodato Piazza, na igreja Nossa Senhora da Saúde. Celebrou sua primeira missa solene aos 04 de julho de 1947, em Capodístria.
No dia 21 de outubro de 1947, com o navio Campana da Societé de Navigation de Marseille, embarcou em Gênova, para o Paraná, juntamente com os freis Crispim de Vigorovea, Cleto de Maserà, Valério de Pescantina, Gilberto de Badia Polestine, Donato de ênego, e Germano de Lion. Chegou ao Paraná aos 12 de novembro de 1947.
Durante os 49 anos que aqui viveu trabalhou nos seguintes lugares: Joaquim Távora (1948; 1955-1958) onde encontrou muitas dificuldades com a maçonaria local, Barra Fria (1949), São Lourenço d'Oeste (1949), Laurentino (1950), Curitiba-Mercês, (1950-1955; 1985-1996), Uraí (1959), Cruzeiro do Oeste (1960); Ponta Grossa-Imaculada (1961-1964; 1969; 1971), Bandeirantes (1965), Ponta Grossa-Bom Jesus (1966-1968), Siqueira Campos (1973-1985). Nestes lugares exerceu as funções de reitor de seminário, professor de Teologia Moral, vice-superior, superior local, vigário paroquial, pároco, capelão dos Maristas, missionário popular e capelão hospitalar.
Em 1985 viajou à Itália para assistir a morte e a sepultamento de sua mãe, lá permanecendo durante sete meses.
Escrevia muito ao seu irmão capuchinho, Frei Humberto De Carli: de 1947 a 1996, 262 cartas. Em suas cartas descrevia seus trabalhos nos diversos lugares, lembrava sua mãe, falava de sua saúde, alongava-se em considerações sobre a política nacional, sobre a Igreja e outros problemas do continente sul-americano. Aos 22 de maio de 1994, celebrou seus 50 anos de vida sacerdotal. seu irmão Frei Umberto veio da Itália para participar desta celebração jubilar. Em 1995 escrevia, por exemplo, que "sinto o desejo de cantar, ao mesmo tempo, o Te Deum e o Nunc dimittis". Em 1996, ano de seu falecimento, escreveu ainda onze cartas a seu irmão.
No dia 7 de setembro de 1996, após o almoço e durante a conversa com os freis, sentiu-se improvisamente mal, vindo a falecer no refeitório da Cúria provincial.
Frei Norberto era um frei simples, humilde e de muita oração. Gostava de brincar com os freis. Com os fiéis era muito reservado e prudente. Era amigo do confessionário, sabendo entender os que o procuravam para algum conforto humano e espiritual. Era sério nas horas sérias e sabia rir com os que se alegravam. Não gozava de boa saúde: a sinusite o acompanhou por dezenas de anos. Sabia escutar os freis e era muito conciliador, dando razão a todos. Sabia calar e engolir quando necessário. Era companheiro de todos os freis e tinha boas amizades com leigos, deixando saudades em todos os lugares por onde passou, exercendo seu apostolado.
Não gostava de ser aplaudido e nem de exercer o cargo de Superior. Era homem austero e de coração dócil. Gostava de estar bem informado e lia muito. Gostava de comunicar e partilhar as boas novidades. Soube conservar a tradição e buscar o novo. Optou pelo uso sistemático da batina e soube desfazer-se da barba. Era amante do silêncio, mas entre nós era extrovertido. Não recusava os trabalhos de limpeza da louça, na cozinha do convento e, por própria iniciativa, levava duas vezes por dia o lixo da cozinha para o lixeiro da horta. Normalmente lavava as próprias roupas e não gostava de incomodar a ninguém. Os conselhos evangélicos de obediência, pobreza e castidade, sem dúvida, foram o tripé de sua vida de consagração a Deus e neste campo teve toda a admiração e a estima de todos os freis.
Escreveu uma sua biografia até 1968, na qual aparecem interessantes fatos desde sua viagem ao Brasil e com notícias históricas sobre os diversos lugares onde trabalhou.
Permanece entre nós, o seu exemplo de fé, doação, resignação na doença, bondade, cortesia e fidelidade na vocação. As exéquias foram realizadas no dia 9 de setembro na capela do convento Santo Antônio, em Butiatuba-Almirante Tamandaré, PR, com a presena de Frei Atílio Galvan, Ministro Provincial, de Frei Florio Tessari, ex-Ministro provincial de Veneza, de muitos freis, diversos ex-alunos, amigos e fiéis. Seus restos mortais repousam no cemitério dos Frades Menores Capuchinhos, em Butiatuba.