* 15.12.1937, Ibirá-SP
+ 01.07.2012, Curitiba-PR
Frei Mauro, filho de Joaquim Vellozo Júnior e Maria Rodrigues, nasceu em Vila Ventura, município de Ibirá- SP, diocese de Rio Preto, aos 15.12.1937. É o primogênito dos 8 irmãos. Foi batizado aos 31.12.1937 na igreja matriz São Sebastião de Ibirá e crismado aos 08.05.1938 em Vila Ventura, também diocese de Rio Preto- SP, por Dom Lafayete Libânio. Recebeu a 1a Eucaristia aos 13.12.1949 na paróquia Santa Luzia, em Ibiaci, município de Primeiro de Maio-PR.
Vida escolar - Fez o curso primário em Vila Ventura. De 1968 a 1969 cursou Madureza Ginasial no Colégio Estadual do Paraná. No Ensino Médio, estudou Contabilidade (1970-1971) em Siqueira Campos, concluindo-o em 1973, no Colégio São Francisco de Assis, em Curitiba. Estudou Filosofia e Teologia (1974-1977) em Ponta Grossa, concluindo em 1978 a Teologia no ITESC, em Florianópolis-SC. Cursou Espiritualidade Franciscana no CEFEPAL, em Petrópolis no ano de 1984. Em 1993 bacharelou-se em Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Fez Especialização em Teologia Espiritual no IFEAL, em Bogotá, Colômbia, em 1994 e1995.
Formação Capuchinha - Participando das missões pregadas pelos nossos missionários capuchinhos, despertou nele o desejo de ser também missionário e sacerdote como eles. Mas como já estava com 20 anos de idade e somente com o estudo primário, inicialmente tornou-se Religioso Irmão. No dia 26.12.1957 chegou ao convento de Butiatuba-PR. No início do ano seguinte foi a Engenheiro Gutierrez, no Seminário São José, junto ao Seminário Santa Maria, onde fez o postulantado. Recebeu o hábito capuchinho aos 10.02.1959 em Siqueira Campos, com o nome de Frei Marcelino de Ibirá, sendo mestre de noviciado Frei Barnabé de Guarda Vêneta. Emitiu os votos temporários em Siqueira Campos, aos 11.02.1960, sendo o celebrante Frei Casimiro de Orleans e os votos perpétuos na Igreja das Mercês, aos 11.02.1963, sendo celebrante Frei José Vitalino GalvaNossa
Como religioso trabalhou nestes lugares: Engenheiro Gutierrez (1960-1962), Ponta Grossa, convento Bom Jesus (1963-1969), Siqueira Campos (1970-1971), Butiatuba (1972), Ponta Grossa, convento Bom Jesus (1973-1977). Nestas fraternidades atuou como alfaiate, porteiro, sacristão, esmoler, vice-superior, vice- reitor, ecónomo local e na pastoral.
Sacerdote - A partir do Concílio Vaticano II os Irmãos que quisessem, poderiam tornar-se padres, desde que cursassem Filosofia e Teologia. Frei Mauro aproveitou a oportunidade e pos-se a estudar. Enquanto estudava o 3° ano de Teologia recebeu os ministérios de leitorado e acolitado aos 17.04.1977, sendo celebrante Frei Clemente Vendramim. Dom Geraldo Micheletto Pellanda, bispo de Ponta Grossa lhe conferiu o diaconato, aos 14.08.1977 e o sacerdócio aos 04.12.1977, ambos na Igreja Bom Jesus, em Ponta Grossa. Celebrou a 1a missa em Presidente Castelo Branco-PR, aos 11.12.1977.
Como sacerdote trabalhou nas seguintes localidades: Florianópolis (Trindade)
(1978-1979) cursou o 4° ano de teologia. Atuou como vigário e ecónomo local e vigário cooperador;
Ponta Grossa, Imaculada (1980-1982), Missionário Popular; Irati, Paróquia (julho a dezembro de 1983) vigário cooperador; Petrópolis (1984) Espiritualidade Franciscana no CEFEPAL; Siqueira Campos (1985-1988), pároco; Ponta Grossa, Bom Jesus (1988-1993), pároco e professor; Colômbia, Bogotá, (1994-1995), Especialização em Teologia Espiritual no IFEAL; Curitiba, Paróquia das Mercês, (1996-1998), vigário paroquial; Curitiba, Casa de Oração (1998-2002), assistente regional da OFS, cursos, retiros, professor; Curitiba, Santuário São Leopoldo (2003-2005), cursos, retiros professor; Siqueira Campos (2006-2012), Gerente da Rádio Bom Jesus Cana Verde FM, vigário paroquial, professor, pregador de retiros.
Lecionou as disciplinas Vocação Franciscana, Regra Franciscana, Fontes Franciscanas e Espiritualidade Franciscana aos nossos aspirantes e Freis. Ministrou muitos cursos aos leigos e religiosas. Foi assistente espiritual da OFS. Dedicou-se, com muito afinco, a pregar retiros para religiosas/os e leigos. Em três anos (2001-2003), por exemplo, pregou mais de 70 retiros, todos anotados em sua agenda pessoal. Para isso, fazia longas viagens, enfrentando-as, no final da vida, com problemas fortes de saúde.
Meios de comunicação - De 2005 até sua morte (2012), assumiu com decisão a Rádio Bom Jesus AM de Siqueira Campos e, mais tarde, fundou, em parceria, a Rádio Genoa FM. Renovou completamente os estúdios e aparelhagem da Rádio Bom Jesus. Enfrentou lutas e dificuldades em obter autorizações dos Ministérios Públicos para aumentar a potência da Rádio Bom Jesus e instalar a Rádio Genoa FM, com moderna aparelhagem. Melhorou sensivelmente as antenas de transmissões. Abriu novos campos de evangelização pela Rádio. Embora não fosse técnico em radio-transmissão, demonstrava-se entusiasta, dinâmico e lutava para alcançar seus objetivos.
Apreciações - Durante a Missa Exequial, o celebrante Dom Frei Cláudio Nori Sturm fez estas e outras considerações sobre o falecido: 1. Passou pela purificação do sofrimento e está na glória de Deus; 2. Assumiu os trabalhos com muita dedicação; 3. Levou muito a sério todos os trabalhos que lhe foram confiados; 4. Ajudou muitas pessoas com seus retiros a se encontrarem sempre mais com Cristo;
5. Sorriso largo, meigo, gargalhadas agradáveis; 6. Olhava as coisas mais positivamente, embora aparecessem complicadas; 7. Um grande confrade, amigo e companheiro.
O Ministro Provincial (Frei Cláudio Sérgio de Abreu), entre suas considerações, acentuou: 1. Estamos celebrando a vida de nosso irmão Frei Mauro; 2. Somos gratos pela sua vocação e pela generosidade à qual respondeu; 3. Colocou-se de maneira aberta para servir o Reino de Deus e os irmãos; 4. Freis, religiosos/as tiveram a graça de crescer um pouco com suas lições, orientações, palestras, direção espiritual; 5. Conhecemos muito bem seu dinamismo e determinação, que constatamos também nos momentos de calvário e sofrimento; 6. Mesmo nos últimos meses de sua vida, era uma pessoa de sonhos, com vontade de realizar tantas coisas; 7. Deixa um testemunho de paz, de amor, de dedicação naquilo que queria fazer e realizar; 8. Lembramos como era benquisto por onde passou, a capacidade que demonstrou de se comunicar; 9. Pude sentir e perceber quanto as pessoas o estimavam e gostavam de celebrar com ele e ouvir suas mensagens; 10. Era zeloso no trabalho que sempre realizou; 11. Um elemento interessante para a vida fraterna era seu cuidado com a horta. Nos lugares por onde passou, sempre cultivou a terra, como bom capuchinho, e dizia que “isto muito me ajuda a levar avante meus trabalhos”; 12. É bom lembrar suas pescarias e seu espírito esportivo com que as fazia, partilhava-as e se divertia com todos; 13. Como fraternidade capuchinha, louvamos a Deus pelo seu “sim” à vida religiosa e sacerdotal, pela sua fidelidade em seus 74 anos de vida, 52 de vida religiosa e 34 de sacerdócio; 14. Agradecemos a Deus por ter escolhido ser frade capuchinho e ser fiel até o fim da vida terrena. Frei Mauro, reze por nós porque nós estamos de coração aberto.
Frei Juarez De Bona acompanhou muito a primeira fase da vida de Frei Mauro e dá este testemunho vivencial:
“Vi pela primeira vez Frei Mauro em dezembro de 1969, quando, com outros Freis, ele fazia coleta de cereais em São Lourenço do Oeste (naquela época se chamava Frei Marcelino). No ano seguinte, foi ele quem respondeu minhas cartas de orientações para o ingresso ao Seminário (era vice-superior e vice-reitor do seminário dos Irmãos em Siqueira Campos). Morei com ele em Siqueira Campos em 1971 e Butiatuba em 1972. Foram os dois últimos anos do Seminário São José, para Irmãos Capuchinhos. Frei Davi Nogueira Barboza era o diretor e ele o vice. Frei Mauro era Frei alegre, determinado, muito líder, bem dinâmico, também excelente jogador de futebol. Tinha verdadeira paixão pelos estudos, pela espiritualidade e pelo que de novo surgia na Igreja. Naquela época estavam ocorrendo as grandes transformações pós-conciliares. Era entusiasta com os Irmãos pós-noviços e formandos. Era muito assíduo na oração e aberto aos novos tempos da formação. Frei Mauro, apoiado por Frei Davi, repassava aos pós-noviços e a nós formandos os conhecimentos de Teologia Espiritual que recebia nos encontros dos Religiosos em Ponta Grossa. Animava-nos em nos preparar melhor para os novos desafios que surgiam e que os “modelos antigos” de Irmãos deveriam se adaptar às exigências dos novos tempos.
Nos cursos regulares, Frei Mauro estudava um ano à minha frente. Algumas disciplinas estudávamos juntos. Era muito aplicado, assíduo e conseguia bom aproveitamento. Nos finais de semana sempre se ocupava na pastoral da época.
Mais tarde como sacerdote (ordenou-se após quase 18 anos de profissão religiosa), continuou com o mesmo zelo em tudo o que assumia. Sempre admirei seu grande senso de responsabilidade e entusiasmo em tudo o que fazia. Tinha humildade em buscar ajuda ou conhecimentos nas pessoas mais preparadas do que ele. Procurava estar sempre atualizado na sua área. Amava a Província, vibrava com ela e se entristecia quando alguém a abandonava. Dias antes de falecer, confidenciou-me que, diante da morte se avizinhando devido à gravidade da doença, sentia-se preparado espiritualmente e agradecido a Deus por tudo o que fez e que a vida lhe proporcionou”.