Frei Honorato Giovanni Saccardo
30.01.1930 - Thiene/Itália
03.05.1995 - Luanda/Angola
Frei Honorato era filho de Miguel Saccardo e Maria Tisato. Nasceu em Thiene (Vicenza, Itália), aos 30 de janeiro de 1930.
Seu ingresso ao seminário capuchinho foi aos 23 de setembro de 1941, em Rovigo (Itália), quando seu diretor era Frei Bernardino de Cittadella. Por causa dos perigos da segunda guerra mundial, teve que terminar o seminário indo para Verona, Veneza e novamente para Rovigo.
Sua vestição foi em Bassano del Grappa, aos 14 de agosto de 1948, tendo como mestre de noviciado Frei Luquésio de Mezzalira. Ao término do noviciado emitiu seus votos temporários (15.08.1949) e, aos 12 de outubro de 1952, os perpétuos em Pádua, sendo Ministro provincial Frei Zacarias de São Mauro. Recebeu a ordenação sacerdotal no santuário de Nossa Senhora do Olmo, em Thiene, sua terra natal, aos 23 de setembro de 1955, das mãos do bispo capuchinho Dom Jerônimo Bortignon.
Com circular de 1957, os superiores da Província de Veneza procuravam voluntários para o trabalho missionário no Brasil e na Angola. Frei Honorato logo se apresentou como candidato, tendo recebido carta obediencial aos 15 de junho de 1957.
Com outros três missionários capuchinhos, embarcou aos 2 de julho de 1957 no navio Conte Biancamano. Desembarcou (18.07.1957) e, por via aérea, chegou em Curitiba aos 21 de julho do mesmo ano, com seus confrades: freis Pedro Luiz Scarpa de Veneza, Tiago de Campolongo e Miguel de Loreggiola.
Inicialmente (1957) trabalhou como professor de italiano no seminário Santa Maria, em Engenheiro Gutierrez, Paraná. Em 1958, foi transferido para Cruzeiro do Oeste, Paraná, como vigário paroquial. Nos anos de 1958 e 1960, retornou à formação, como reitor do seminário de Butiatuba, Paraná. Em 1961 foi destinado à fraternidade de Umuarama, donde em 1963 passou para Siqueira Campos. Retornou á Umuarama como pároco de 1994 a 1966. Exerceu o ministério paroquial em Céu Azul, como pároco (1966-1967) e, em Londrina (1968-1969). Em São Lourenço do Oeste, Santa Catarina, atuou como vigário paroquial (1970-1977). Em seguida, foi convidado ajudar os capuchinhos no Alto Solimões, no Amazonas, tendo trabalhado em Benjamim Constant, Marco, Tocantins, São Paulo de Olivença, Amaturá, Belém dos Solimões (1971-1973). Regressando à Província continuou suas atividades em São Lourenço do Oeste.
Nos anos de sua presença na Província, levou avante muitas obras materiais: igreja de São Francisco em Umuarama até à metade do reboque; continuou as igrejas de Mandaguaçu e de Londrina; construiu as casas paroquiais de Pérola do Oeste, Alto Piquiri, Icaraíma; as capelas de Pérola do Oeste, Alto Piquiri, São João, Iracaríma, Xambrê, Perobal, Altônia, Paulistânia, Brasilândia, água das Areias, água dos Andrades, São Silvestre, Douradina, Serra dos Dourados, São Sebastião (Cruzeiro do Oeste),Estrada Vermelha, Ivaté, Copacabana, Gleba 2, Nossa Senhora das Graças, Jacutinga, Novo Horizonte, Santa Inês, Planalto, São Sebastião (São Lourenço do Oeste), Nova Farroupilha, Turvo Baixo, Linha Filippin, Plataneia, Nossa Senhora da Salette, Ouro Verde, Lajeado Grande, Aroio do Matão, São Roque, Linha Amazonas, Santa Terezinha, Monjolinho, Cochilha Rica, Linha Prata, Duque de Caxias, Linha Saudade, Santos Dumont, Bocaina. Em Santo Antônio da Platina continuou a construção de diversas capelas.
Em 1978 fez parte da equipe missionária e, em seguida, foi para Santo Antônio da Platina, onde permaneceu até início de 1981 como vigário paroquial. Mas, no mesmo ano, foi enviado para Rio Branco do Sul, Paraná, onde permaneceu até o final do ano.
Em sua última visita à Província de Veneza, aconselhou-se com os superiores sobre seu projeto de regressar à Itália. Após os necessários entendimentos entre as duas Províncias, Frei Honorato retornou definitivamente à Província de Veneza aos 30 de junho de 1982.
De volta à sua Província, foi-lhe confiado o difícil e delicado ministério da Reconciliação, num primeiro tempo em Thiene e durante os últimos dez anos em Pádua, naquele que foi o lugar santificado pela presença de São Leopoldo Mandic, e pelo seu predecessor Frei Guilherme Vidoni de Magredis que, por muitos anos, viveu no Paraná e Santa Catarina. Religioso de vida austera, tornou-se confessor iluminado e muito procurado pelos leigos, sacerdotes e religiosos que diariamente freqüentam aquele Santuário capuchinho.
Os superiores vênetos o enviaram para a Angola aos 30 de março de 1995, quando contava com 65 anos de idade. Seu pensamento e recordações estavam dirigidos ao longo trabalho missionário desenvolvido no Brasil, com vontade de inserir-se neste ambiente, novo para ele.
Enquanto esperava para ir à sua fraternidade de Lubango, foi-lhe pedido que ajudasse na Semana Santa em Camabatela. Ali reviveu o cansaço do missionário, mas a idade, as forças, a saúde já não eram as do jovem que, talvez, pensava ser. Celebrou 200 batizados, ouviu muitas confissões. Passou dias em intensa atividade, revivendo as emoções do Brasil. Mas, não contava com o traiçoeiro paludismo.
Na manhã de 21 de abril de 1995, ao tomar o café da manhã, desmaiou. Socorrido prontamente, foi levado urgentemente a Uíje. Seu estado de saúde apareceu grave. Por isso, foi transportado para Luanda, onde se diagnosticou malária cerebral. Seu estado piorou e, aos 30 de abril, foi acometido de uma paralisia. Surgiram problemas com o fígado com hemorragia no estomago. Faleceu na madrugada de 3 de maio de 1995.
Na missa exequial, em Luanda (Angola) estavam presentes dez bispos, 46 sacerdotes e muitos religiosos, religiosas e leigos. O bispo capuchinho Dom Frei Pedro Luís Scarpa, que pertenceu ao mesmo grupo missionário ao Brasil, fez o elogio fúnebre de seu confrade.
Por vontade dos familiares, o corpo de Frei Honorato foi tansladado para a Itália, onde houve missa exequial em Pádua (15.05.1995), com a presença dos freis de nossa Província que se encontravam em Roma. A última saudação fúnebre ocorreu em Thiene no Santuário de Nossa Senhora do Olmo, onde ele tinha nascido e onde desabrochou sua vocação religiosa. Repousa no jazigo de seus familiares.