* 23.05.1935 – Rodeio/SC
† 09.08.2007 – Curitiba/PR
Honório, o terceiro filho do casal César Destéfani e Ida Stolf, nasceu aos 23.05.1935, em Rodeio, SC, sendo batizado no dia seguinte. Quando ele tinha dois anos de idade sua família mudou para Três Casas (hoje Nova Petrópolis), no município de Joaçaba e ali foi crismado aos 28.10.1938. Mais tarde a família regressou a Rodeio e ali recebeu a primeira eucaristia aos 21.06.1943.
Estudos primários e seminário - Honório iniciou o curso primário em 1944, em Rodeio. Ingressou no Seminário Santo Antônio, em Butiatuba aos 11.05.1946. No mês seguinte foi transferido para o Seminário de Barra Fria, SC, onde terminou o curso primário. Neste seminário de Barra Fria, iniciou o curso ginasial em 1947 e no ano seguinte, com os demais seminaristas, retornou ao seminário de Butiatuba. Seus diretores foram os Freis Nereu Bassi e Carlos Benetti (em Barra Fria); em Butiatuba, Freis Luís de Lapa (1947), Salvador Casumaro (1948) e Gaspar de Fellette (1949-1951).
Noviciado - Aos 17.01.1952 iniciou o noviciado em Butiatuba, PR, recebendo o nome de Frei Cândido de Rodeio. Emitiu os primeiros votos aos 18.01.1953, nas mãos do mestre de noviços, Frei Germano de Lion.
Filosofia e teologia - Terminado o noviciado, Frei Cândido iniciou o curso filosófico em Butiatuba e o completou no ano seguinte, no convento das Mercês, em Curitiba, em dezembro de 1955. Emitiu a profissão perpétua aos 08.12.1956, na igreja de Nossa Senhora das Mercês, nas mãos de seu irmão, Frei Dionysio Destéfani. Também nas Mercês fez o curso teológico nos anos 1956 a 1959. Diversos foram seus diretores: na filosofia, Freis Carlos Benetti (1953), Eugênio Nickele (1953-1954), Lúcio de Asolo (1955); na teologia, Frei Bernardo Felippe (1956-1959). De dezembro de 1959 até o final de março de 1960, fez o curso de pastoral, no mesmo convento das Mercês, em Curitiba, sendo orientador Frei Clemente Vendramim.
Ordens sacras, sacerdócio - Na igreja de Nossa Senhora das Mercês recebeu o Leitorado aos 16.03.1957 e o Acolitado aos 06.4.1957, pelas mãos de Dom Manuel da Silveira d’Elboux, arcebispo de Curitiba. Aos 22.2.1959, o mesmo arcebispo conferiu-lhe o Diaconato, no seminário diocesano de Curitiba e a ordenação sacerdotal, aos 19.12.1959, na igreja das Mercês. Celebrou a primeira Missa solene na terra natal (Rodeio), a12.1.1960.
Estudos - Quando ainda estudava filosofia e teologia realizou alguns cursos básicos como música (violino, órgão, piano, harmónio, composição musical, pintura e arquitetura). Durante o ministério sacerdotal realizou outros cursos, quase todos orientados para a pastoral. Em julho de 1964, participou do curso para o Mundo Melhor, em Chapecó, SC, orientado por Frei Venâncio, capuchinho do Rio Grande do Sul. Em janeiro de 1966 frequentou o curso de Renovação Conciliar, com o pe. Caramuru, em Curitiba. Em julho do mesmo ano, prosseguiu o curso de Renovação Conciliar com o pe. Marcos Bach, em Ponta Grossa, PR. A terceira etapa deste curso de Renovação Conciliar completou-a em janeiro de 1967, com Frei Eliseu Lopes, em Ponta Grossa. Cursou Missionologia, em Porto Alegre, RS, de março até 16 de junho de 1968. Participou do curso CERNE, RJ, de três cursos de Parapsicologia e do curso de Psicologia evolutiva e diferencial.
Ministério sacerdotal:
Vigário paroquial e professor- Frei Honório começou o ministério sacerdotal em Siqueira Campos, PR, como vigário cooperador. Dali foi transferido para o Seminário Santa Maria, em Engenheiro Gutierrez, PR, onde lecionou música, história, geografia e religião. Aos sábados e domingos, atendia as capelas da paróquia de Irati. Por determinado tempo, assumiu a assistência espiritual do Colégio das Irmãs franciscanas, próximo ao seminário e, desde 1961, ajudava, quando necessário, o grupo de missionários populares. Permaneceu no Seminário de Engenheiro Gutierrez até 18.01.1964. Nessa data foi transferido para São Lourenço d’Oeste, SC, assumindo o trabalho pastoral com alegria e entusiasmo. Com um jipe visitava as capelas, permanecendo até semanas sem regressar à sede. Na igreja matriz atendia a cruzada eucarística, lecionava religião nas escolas, regia o coral e outros setores paroquiais. Vivia satisfeito com seu apostolado. Aos 17.01.1965, foi transferido para o pré-seminário de Laurentino, SC, como diretor dos seminaristas e coadjutor na pastoral paroquial. Aos 18.01.1966, recebeu uma transferência que marcou um grande período de sua atividade pastoral.
Missionário popular - Aos 18.01.1966 foi nomeado diretor dos missionários, transferindo-se para Ponta Grossa, com sede no convento Bom Jesus. Em 1968, a sede da equipe missionária mudou-se para o convento da imaculada Conceição, em Ponta Grossa, onde melhoraram as condições de trabalho para os missionários. Assumindo esse encargo, árduo e exigente, quis melhorar os conhecimentos nesta área pastoral. Com essa motivação, de março de 1968 até 15 de junho do mesmo ano, frequentou um curso de Missionologia, em Porto Alegre-RS. Retomando, continuou como diretor do grupo missionário. Renovou completamente o esquema de pregações. Materialmente, a equipe missionária cresceu adquirindo novos aparelhos de som e carros. Reestruturou o livrinho das Missões. Foi um período de grande atividade e de projeção. A equipe missionária era tão conhecida que, normalmente, havia um elenco de umas 30 paróquias esperando pelas Missões. Pregou missões em mais de cem paróquias. Dedicou especial atenção aos cursos para as lideranças cristãs. Após dez anos de intensas atividades, solicitou um descanso.
Dois Vizinhos - Aos 31.01.1974, Frei Honório recebeu o mandato de ser vigário da paróquia de Dois Vizinhos, na diocese de Palmas, até então, aos cuidados dos padres diocesanos. As dificuldades eram tantas que os frades estavam decididos a abandonar a paróquia, o que, felizmente, não ocorreu: carros em péssimas condições, situação econômica lastimável, salão paroquial destruído por um vendaval... Aos poucos, os bons resultados surgiram. O salão paroquial foi reconstruído. A paróquia começou modificar, tomando-se uma das melhores da diocese, segundo a afirmação de dom Agostinho Sartori, bispo diocesano. As melhorias evidenciavam-se em diversos setores do apostolado. Nesse período áureo (1978), Frei Honório e cinco líderes da paróquia viajaram para a Prelazia de Grajaú, Maranhão, onde ministraram cursos de lideranças cristãs. Em Dois Vizinhos, com um grupo de Associados, foi o mentor e batalhador para organizar e lançar ao ar a Rádio Educadora, que oficialmente iniciou suas atividades aos 05.08.1988. Enquanto permaneceu em Dois Vizinhos, projetou e edificou 20 construções entre capelas, salões comunitários e a casa paroquial da paróquia “Imaculada Conceição”, na cidade sul. Aos seus cuidados esteve o desmembramento e a formação dessa nova paróquia.
Santo Antônio da Platina - Aos 04.02.1980 foi transferido para esta cidade. Frei João Estevão Costa, que era o pároco, estava hospitalizado e com câncer (faleceu aos 28.02.1980). A seguir, Frei Honório foi nomeado o novo pároco. Dedicou-se intensamente em formar as Lideranças. Programou nova fase espiritual, pastoral e financeira. Fortaleceram-se as lideranças paroquiais. Foram criados os conselhos para catequese e liturgia. Surgiram grupos de reflexão, de jovens, de promoção humana e social. Organizaram-se os setores urbanos e as respectivas capelas. Especial apoio mereceu o Movimento Familiar Cristão. Após três anos de esforços, a paróquia assumiu novos aspetos. Tornou-se o Centro Diocesano do MFC e Frei Honório foi eleito membro da Coordenação Diocesana de Pastoral.
Reformou a casa paroquial e o centro catequético, com a compra dos relativos móveis, inclusive para a igreja. Envolvido com tantas atividades, caiu num estresse que o obrigou a submeter-se a um tratamento de 40 dias, longe da paróquia. Após o restabelecimento, retomou as atividades. Iniciou a “Festa do Milho”, na paróquia. Colaborou com a Prefeitura local para a recuperação de escolas no interior. A Prefeitura fornecia o material e ele conseguia a mão de obra com as pessoas da comunidade. Ambos (José Afonso Júnior, prefeito, e Frei Honório) passavam dias dirigindo e ajudando os trabalhos. Desta maneira, recuperaram quase todas as escolas do município. Por isso, o povo e as autoridades concederam-lhe o título de "Cidadão Honorário Platinense, pelos relevantes serviços prestados à Comunidade”.
Definidor provincial- No capítulo provincial de 1984, foi eleito definidor provincial. Aos 04.01.1985transferiu- se para a cúria provincial, em Curitiba. Em razão de sua experiência, assumiu a secretaria de pastoral da Província. Durante três anos, organizou encontros e cursos em quase todas as paróquias da Província. Elaborou apostilas e questionários para o setor pastoral. Passava dias nas paróquias, ajudando nos trabalhos e organizando palestras aos frades e aos leigos. Organizou a Se
cretaria de Pastoral centralizada na cúria provincial.
São Lourenço d’Oeste - Aos 21.01.1987, ainda como definidor provincial, Frei Honório assumiu a paróquia de São Lourenço d’Oeste. Programou oito linhas de ação: conselhos, catequese, liturgia, juventude, grupos de reflexão, promoção humana e social, dízimo. No perímetro urbano foram implantados 31 setores, que funcionavam nas oito linhas da paróquia. Um grupo ativo e dinâmico prestou- lhe excelente colaboração. No final de 1990, a paróquia contava com 300 ministros da eucaristia (dos quais, 51 também ministros do batismo e matrimônio), 650 catequistas, 280 equipes de liturgia, mais de mil grupos de reflexão, funcionamento da promoção humana, do centésimo e de outras iniciativas paroquiais.
Cruzeiro do Oeste - Em dezembro de 1990 foi transferido para Cruzeiro do Oeste-PR. A permanência nessa cidade foi até o final de 1991. Como vigário paroquial, visitava todas as capelas. Enquanto isso, o pároco viajou à Itália e não retomou mais para Cruzeiro.
Laurentino - Em janeiro de 1992, mudou-se para Laurentino. Além de ser um campo pastoral mais tranquilo, encontrava-se perto da casa da mãe e do irmão Graciano, gravemente enfermo com um câncer, que logo veio a falecer. Nesta paróquia, inicialmente enfrentou diversas dificuldades, superadas por causa de sua tenacidade. Convocou lideranças, apresentando-lhes o novo plano pastoral. Começou a formação de setores no perímetro urbano. Toda a pastoral começou funcionar em todos os 21 setores. Com a renovação da pastoral, diversas obras materiais foram surgindo na igreja matriz e nas capelas. A seguir foi transferido para Marmeleiro.
Marmeleiro - Foi transferido para esta cidade em 1996, com dois confrades. Visitaram comunidades e capelas. Introduziram o plano pastoral com oito linhas, nas capelas e setores urbanos. Aos poucos, começou a nova caminhada, crescendo material e espiritual. No entanto, o grupo carismático não aceitou a renovação pastoral. As intrigas cresceram e, no final, os três Freis deixaram a paróquia. Ajudou, por pouco tempo, as paróquias de Santo Antônio da Platina e de Umuarama.
Rio do Oeste - Frei Honório permaneceu apenas 9 meses nessa paróquia. Nesse breve período, reuniu as lideranças e os ministros da eucaristia, visitou as capelas e conseguiu implantar as oito linhas pastorais, por ele usadas. Dedicou-se na formação dos ministros da eucaristia, batismo e testemunhas qualificados para o matrimônio. Residia nos fundos da igreja matriz, em salas úmidas e sem sol. Fazia a limpeza e sua comida. Em consequência disto, começou a sentir alergia, dificuldade de respiração, que o obrigava a dormir no sofá. Certo dia, quando visitava a capeia Ribeirão do Café, desmaiou. Um casal presente levou-o apressadamente ao hospital, em situação difícil. Foi preciso levá-lo a Curitiba e foi o início de sérias dificuldades de saúde para ele. Nesse tempo de tratamento, conseguiu escreveu seu livro Reconstrói minha Igreja (que foi publicado), no qual explica suas oito linhas de trabalho pastoral.
Arapongas-Em parte restabelecido, assumiu a paróquia Santo de Arapongas, informado de que seria por dois anos porque a diocese planejava reassumi-la. Chegou a esta cidade em fevereiro de 2001 e sua estadia foi marcada por “fortes sofrimentos e alegrias”. A incontinência, provocada pela cirurgia, diabetes em hipo e hiperglicemia, respiração difícil e o transplante de uma veia na perna dificultaram seu trabalho. Apesar disso, reorganizou as linhas pastorais da paróquia e fez diversas melhorias na igreja matriz, nos dois salões paroquiais. A paróquia foi devolvida à diocese aos 29.12.2002. No dia seguinte, Frei Honório foi para o convento das Mercês e escreveu: “Foi um dos momentos tristes de minha vida”.
Convento das Mercês - De 2003 até 2007, Frei Honório permaneceu no convento das Mercês, em Curitiba e, não obstante os contínuos tratamentos de saúde, dedicou-se intensamente em atender as confissões e orientar espiritualmente os fiéis que, diariamente, o encontravam no confessionário da igreja matriz deis Mercês.
Doenças - Quando estava em Rio do Oeste-SC teve forte crise asmática, obrigando-o a tratamento intensivo em Curitiba. Recuperado foi para Arapongas, onde as dificuldades do diabetes começaram a crescer. Por falta de circulação teve transplante de veias nas duas pernas. Veio para o convento das Mercês, em Curitiba, onde permaneceu até seu falecimento. Este período foi um calvário de doenças que se agravam paulatinamente. Começou a perder a visão. O diabetes apresentava variações muito grandes. Diversas vezes entrou em hipoglicemia, que o obrigava a internar-se com urgência em hospitais. Seus rins estavam comprometidos e, a partir de julho de 2006, teve que submeter-se à hemodiálise (três vezes por semana) até o falecimento. Sofreu um processo de alucinações que o obrigou a permanecer na UTI quase um mês. Após o falecimento de sua mãe (8.6.2007), passou quase dois meses internado no Hospital Evangélico, com várias complicações. As dores nas pernas iam crescendo por causa de inflamações de nervos, provocadas pelo diabetes. Nas últimas semanas tinha sinais evidentes de gangrena nos pés, aumentando-lhe as dores. Devido a tantas dores por todo o corpo, tornou-se um problema movimentá-lo. No dia 9 de agosto de 2007, às 9 horas e meia da manhã, no Hospital Evangélico de Curitiba, Frei Honório faleceu placidamente.
Às 15h de 10.8.2007, a missa exequial foi celebrada pelo Ministro Provincial na capela da fraternidade de Butiatuba. Estavam presentes Freis das casas vizinhas, dos grupos de retiro da Casa de Oração (Curitiba) e do noviciado (Joinville), diversos familiares, amigos e representantes de Arapongas e Santo Antônio da Platina participaram dos ritos fúnebres. Após a encomendação final, foi conduzido ao nosso cemitério e sepultado sob olhar de muitos frades, familiares e amigos.