Necrologia

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Frei Mateus Ribeiro da Silva

06/10/1923
04/08/2009

* 06.10.1923, Pouso Alegre-MG;

+ 04.08.2009, Curitiba-PR

Às 15h de 4 de agosto de 2009, na UTI do Hospital Nossa Senhora das Gra­ças, Curitiba-PR, faleceu Frei Mateus Benedito Ribeiro da Silva. Filho de Sebastião Fortunate Ribeiro e Maria Izabel da Silva Ribeiro, Frei Mateus nasceu aos 06.10.1923 no sítio Ser­ra de Santo Antônio, em Pouso Alegre-MG Pertencia a uma família de 12 irmãos/ãs, dos quais chegou a co­nhecer somente oito. Foi batizado (21.10.1923) e crismado (20.04.1924) em Pouso Alegre-MG. Fez sua pri­meira comunhão em 1937 no santu­ário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida-SP. Após o falecimento de sua mãe (1936), com seu tio mudou-se para o Paraná, em Pinhalão, ca­pela de Tomazina. No Natal de 1938, a convite de Frei Irineu Giacon de

Pádua aceitou o convite de ir para o seminário. Passou alguns dias na casa paroquial de Tomazina e, aos 15.01.1939 chegou ao seminário Santo Antônio em Butiatuba-PR.

Completados os estudos, vestiu o hábito aos 23.12.1944, recebendo o nome de Frei Mateus, em Butiatuba, onde era o noviciado. Feita a profis­são temporária 25.12.1945, foi para o convento das Mercês, em Curitiba- PR, onde iniciou e terminou os cur­sos de filosofia e teologia (1946-1951). Durante seus estudos, emitiu a profissão perpétua (14.05.1949) nas mãos de Frei Inácio de Ribeirão Preto (mais tarde eleito bispo), sendo or­denado presbítero aos 22.12.1951 em nossa igreja das Mercês pelo ar­cebispo Dom Manuel da Silveira D’Elboux.

Frei Mateus exerceu seu minis­tério sacerdotal nas seguintes paró­quias: Jaguariaíva (1951), Tomazina (1951,1965), Santo Antônio da Platina (1953), Bandeirantes (1955), Joaquim Távora (1956), Ponta Grossa (1958, 1979), Cruzeiro do Oeste (1961), Uraí (1963), Umuarama (1964), Céu Azul (1966,1969), Siqueira Campos (1970, 1999,2002), Cap. Leônidas Marques (1973, 1978), Rio Branco do Sul (1980), Reserva (1981,1987,1990), Itapoá (1994,1998,2003), São Lourenço do Oeste (1992), Lebon Régis (1997). Desde 2004 até seu faleci­mento permaneceu no convento Nossa Senhora das Mercês, Curitiba-PR, em tra­tamento de saúde. Nos últimos anos, vivia em cadeira de rodas, totalmen­te dependente da ajuda dos Freis e enfermeiros.

Aceitou a ajudar a Vice-província do Amazonas durante três anos (1984- 1986), trabalhando com índios em Benjamim Constant e em outros lu­gares daquela Vice-província.

Ajudou na capelania dos ferroviá­rios (1959-1960), em Ponta Grossa, viajando com vagonetes ou de trem para visitar as turmas de trabalhado­res ao longo da ferrovia. Enfrentou as dificuldades de atendimento na gran­de paróquia de Reserva-PR durante quatro anos e em outros lugares, onde, a pedido dos superiores, subs­tituiu Freis.

Durante a missa exequial, sole­nizada com comentários e cantos, algumas pessoas comentaram a vida de Frei Mateus: Um dos ministérios que Frei Mateus mais exerceu em sua vida foi, sem dúvida, o ministério da Reconciliação e do perdão, porque ele acreditava que Deus era amor para todos. Dedicou à Província e ao Reino de Deus 65 anos de trabalhos evangelizadores em muitas paróqui­as, nas quais conquistou grande cir­culo de amizades, que ele as culti­vava com carinho. Soube viver inten­samente sua vida religiosa e sacer­dotal, sabendo comunicar simplici­dade, dedicação e a alegria franciscana.

Os representantes da paróquia de Itaperuçu-PR muito agradeceram o trabalho de Frei Mateus quando ain­da a atendia como capela de Rio Branco do Sul com admirável espíri­to de sacrifício. A vida de Frei Mateus, desde criança até seu falecimento, não foi fácil e teve que superar mui­tas dificuldades, explicaram seus fa­miliares. Seus amigos e conhecidos o consideram como grande diretor espiritual, que sabia compreender, animar e transmitir lições de vida. Foi exemplo de vida de humildade e era uma alegria recebê-lo e com ele fa­lar.

Em todos os lugares, Frei Mateus mostrou-se pastor, onde visitava e animava seus irmãos de fé. Estimu­lava muito a necessidade de encontrar-se, de falar com simplicidade e de animar-se mutuamente na vivência da fé. Amava seu sacerdó­cio e o povo, que sabia demonstrar- lhe o merecido carinho pelo bem que fazia. Quem o conheceu, soube co­lher sua mensagem de simplicidade e valorizar tudo quanto realizou.

Frei Mateus distinguiu-se tam­bém pelo incentivo que prestava às vocações. Animava e encorajava os novos candidatos á vida religiosa. Em sua simplicidade, comunicava ale­gria, espírito fraterno e sabia trans­mitir a bondade e o amor de Deus. Na celebração de seus 50 anos sa­cerdotais (9.12.2001), Frei Mateus resumiu sua vida dizendo que tinha feito somente três trabalhos: “Durante esses anos, realizei praticamente três tipos de trabalhos. Primeiramente, fui auxiliar do capelão da Estrada de ferro do Paraná e Santa Catarina’’. Por dois anos, “viajei em vagonetes ou em velocímetros de Curitiba até Para­naguá". Nessas viagens, atendia as famílias das turmas de ferroviários, rezando missas e administrando os sacramentos. Seu segundo trabalho: “Fui vigário paroquial e nunca fui pá­roco. Trabalhei em 33 lugares sem contar aqueles onde fiquei um mês ou 15 dias”. Seu terceiro trabalho foi ter auxiliado os Freis do Amazonas “tra­balhando com tribos indígenas", como deixou por escrito. Após resumir sua vida, dizia Frei Mateus: “Quero dizer que, nestes 50 anos sacerdotais, fui sempre disponível à obediência do Ministro Provincial e nunca disse “não" a nenhuma transferência. Creio que Deus me fez um frade itinerante por natureza”.

Na oração do Pai Nosso, o celebrante lembrou que, quando pe­queno, Frei Mateus foi um dos que lhe despertaram o amor a Deus e facili­tou o germinar da vocação religiosa. No final da Missa, Frei Darci Catafesta agradeceu a presença dos familiares e parentes de Frei Mateus e todos os que o ajudaram durante o longo e pe­noso calvário que passou em seus úl­timos anos, quando dependia com­pletamente dos Freis e enfermeiros. Frei Itamar José Angonese, Definidor Pro­vincial, fez a encomendação com as orações do ritual. A procissão até o cemitério foi acompanhada por pre­ces e cantos, enquanto lentamente o féretro subia até o cemitério dos Freis, onde todos acompanharam a bênção do túmulo, dada por Frei Pedro Cesário Palma, Definidor Provincial. Às 16h, sob o olhar dos Freis, de familiares, parentes e amigos, o féretro desceu ao túmulo, onde os restos mortais de Frei Mateus repousarão em nosso ce­mitério da Ressurreição.

Frei Honório Destéfani

23/05/1935
09/08/2007

* 23.05.1935 – Rodeio/SC

† 09.08.2007 – Curitiba/PR

Honório, o terceiro filho do casal César Destéfani e Ida Stolf, nasceu aos 23.05.1935, em Rodeio, SC, sen­do batizado no dia seguinte. Quando ele tinha dois anos de idade sua fa­mília mudou para Três Casas (hoje Nova Petrópolis), no município de Joaçaba e ali foi crismado aos 28.10.1938. Mais tarde a família regressou a Rodeio e ali recebeu a pri­meira eucaristia aos 21.06.1943.

Estudos primários e seminário - Honório iniciou o curso primário em 1944, em Rodeio. Ingressou no Se­minário Santo Antônio, em Butiatuba aos 11.05.1946. No mês seguinte foi transferido para o Seminário de Bar­ra Fria, SC, onde terminou o curso primário. Neste seminário de Barra Fria, iniciou o curso ginasial em 1947 e no ano seguinte, com os demais seminaristas, retornou ao seminário de Butiatuba. Seus diretores foram os Freis Nereu Bassi e Carlos Benetti (em Barra Fria); em Butiatuba, Freis Luís de Lapa (1947), Salvador Casumaro (1948) e Gaspar de Fellette (1949-1951).

Noviciado - Aos 17.01.1952 ini­ciou o noviciado em Butiatuba, PR, recebendo o nome de Frei Cândido de Rodeio. Emitiu os primeiros votos aos 18.01.1953, nas mãos do mes­tre de noviços, Frei Germano de Lion.

Filosofia e teologia - Termina­do o noviciado, Frei Cândido iniciou o curso filosófico em Butiatuba e o com­pletou no ano seguinte, no convento das Mercês, em Curitiba, em dezem­bro de 1955. Emitiu a profissão per­pétua aos 08.12.1956, na igreja de Nossa Senhora das Mercês, nas mãos de seu irmão, Frei Dionysio Destéfani. Também nas Mercês fez o curso teológico nos anos 1956 a 1959. Diversos foram seus diretores: na filosofia, Freis Carlos Benetti (1953), Eugênio Nickele (1953-1954), Lúcio de Asolo (1955); na teologia, Frei Bernardo Felippe (1956-1959). De dezembro de 1959 até o final de mar­ço de 1960, fez o curso de pastoral, no mesmo convento das Mercês, em Curitiba, sendo orientador Frei Cle­mente Vendramim.

Ordens sacras, sacerdócio - Na igreja de Nossa Senhora das Mercês re­cebeu o Leitorado aos 16.03.1957 e o Acolitado aos 06.4.1957, pelas mãos de Dom Manuel da Silveira d’Elboux, arcebispo de Curitiba. Aos 22.2.1959, o mesmo arcebispo conferiu-lhe o Diaconato, no seminário diocesano de Curitiba e a ordenação sacerdotal, aos 19.12.1959, na igre­ja das Mercês. Celebrou a primeira Missa solene na terra natal (Rodeio), a12.1.1960.

Estudos - Quando ainda estuda­va filosofia e teologia realizou alguns cursos básicos como música (violi­no, órgão, piano, harmónio, compo­sição musical, pintura e arquitetura). Durante o ministério sacerdotal realizou outros cursos, quase todos orientados para a pastoral. Em julho de 1964, participou do curso para o Mun­do Melhor, em Chapecó, SC, orienta­do por Frei Venâncio, capuchinho do Rio Grande do Sul. Em janeiro de 1966 frequentou o curso de Renovação Conciliar, com o pe. Caramuru, em Curitiba. Em julho do mesmo ano, prosseguiu o curso de Renovação Conciliar com o pe. Marcos Bach, em Ponta Grossa, PR. A terceira etapa deste curso de Renovação Conciliar completou-a em janeiro de 1967, com Frei Eliseu Lopes, em Ponta Grossa. Cursou Missionologia, em Porto Ale­gre, RS, de março até 16 de junho de 1968. Participou do curso CERNE, RJ, de três cursos de Parapsicologia e do curso de Psicologia evolutiva e diferencial.

Ministério sacerdotal:

Vigário paroquial e professor- Frei Honório começou o ministério sacer­dotal em Siqueira Campos, PR, como vigário cooperador. Dali foi transferido para o Seminário Santa Maria, em Enge­nheiro Gutierrez, PR, onde lecionou música, história, geografia e religião. Aos sábados e domingos, atendia as capelas da paróquia de Irati. Por determinado tempo, assumiu a assis­tência espiritual do Colégio das Irmãs franciscanas, próximo ao seminário e, desde 1961, ajudava, quando ne­cessário, o grupo de missionários populares. Permaneceu no Seminá­rio de Engenheiro Gutierrez até 18.01.1964. Nessa data foi transferido para São Lourenço d’Oeste, SC, assumindo o tra­balho pastoral com alegria e entusi­asmo. Com um jipe visitava as cape­las, permanecendo até semanas sem regressar à sede. Na igreja matriz atendia a cruzada eucarística, lecio­nava religião nas escolas, regia o co­ral e outros setores paroquiais. Vivia satisfeito com seu apostolado. Aos 17.01.1965, foi transferido para o pré-seminário de Laurentino, SC, como diretor dos seminaristas e coadjutor na pastoral paroquial. Aos 18.01.1966, recebeu uma transferência que mar­cou um grande período de sua ativi­dade pastoral.

Missionário popular - Aos 18.01.1966 foi nomeado diretor dos missionários, transferindo-se para Ponta Grossa, com sede no conven­to Bom Jesus. Em 1968, a sede da equipe missionária mudou-se para o convento da imaculada Conceição, em Ponta Grossa, onde melhoraram as condições de trabalho para os missionários. Assumindo esse encar­go, árduo e exigente, quis melhorar os conhecimentos nesta área pasto­ral. Com essa motivação, de março de 1968 até 15 de junho do mesmo ano, frequentou um curso de Missionologia, em Porto Alegre-RS. Retomando, continuou como diretor do grupo missionário. Renovou com­pletamente o esquema de pregações. Materialmente, a equipe missionária cresceu adquirindo novos aparelhos de som e carros. Reestruturou o livrinho das Missões. Foi um período de grande atividade e de projeção. A equi­pe missionária era tão conhecida que, normalmente, havia um elenco de umas 30 paróquias esperando pe­las Missões. Pregou missões em mais de cem paróquias. Dedicou es­pecial atenção aos cursos para as lideranças cristãs. Após dez anos de intensas atividades, solicitou um des­canso.

Dois Vizinhos - Aos 31.01.1974, Frei Honório recebeu o mandato de ser vigário da paróquia de Dois Vizi­nhos, na diocese de Palmas, até então, aos cuidados dos padres diocesanos. As dificuldades eram tantas que os frades estavam decidi­dos a abandonar a paróquia, o que, felizmente, não ocorreu: carros em péssimas condições, situação eco­nômica lastimável, salão paroquial destruído por um vendaval... Aos pou­cos, os bons resultados surgiram. O salão paroquial foi reconstruído. A paróquia começou modificar, toman­do-se uma das melhores da diocese, segundo a afirmação de dom Agosti­nho Sartori, bispo diocesano. As melhorias evidenciavam-se em diver­sos setores do apostolado. Nesse período áureo (1978), Frei Honório e cinco líderes da paróquia viajaram para a Prelazia de Grajaú, Maranhão, onde ministraram cursos de lideran­ças cristãs. Em Dois Vizinhos, com um grupo de Associados, foi o mentor e batalhador para organizar e lançar ao ar a Rádio Educadora, que oficial­mente iniciou suas atividades aos 05.08.1988. Enquanto permaneceu em Dois Vizinhos, projetou e edificou 20 construções entre capelas, salões comunitários e a casa paroquial da paróquia “Imaculada Conceição”, na cidade sul. Aos seus cuidados este­ve o desmembramento e a formação dessa nova paróquia.

Santo Antônio da Platina - Aos 04.02.1980 foi transferido para esta cidade. Frei João Estevão Costa, que era o pároco, estava hospitalizado e com câncer (faleceu aos 28.02.1980). A seguir, Frei Honório foi nomeado o novo pároco. Dedicou-se intensamen­te em formar as Lideranças. Progra­mou nova fase espiritual, pastoral e financeira. Fortaleceram-se as lide­ranças paroquiais. Foram criados os conselhos para catequese e liturgia. Surgiram grupos de reflexão, de jo­vens, de promoção humana e social. Organizaram-se os setores urbanos e as respectivas capelas. Especial apoio mereceu o Movimento Famili­ar Cristão. Após três anos de esfor­ços, a paróquia assumiu novos aspetos. Tornou-se o Centro Diocesano do MFC e Frei Honório foi eleito membro da Coordenação Diocesana de Pastoral.

Reformou a casa paroquial e o centro catequético, com a compra dos relativos móveis, inclusive para a igreja. Envolvido com tantas ativida­des, caiu num estresse que o obri­gou a submeter-se a um tratamento de 40 dias, longe da paróquia. Após o restabelecimento, retomou as ati­vidades. Iniciou a “Festa do Milho”, na paróquia. Colaborou com a Pre­feitura local para a recuperação de escolas no interior. A Prefeitura for­necia o material e ele conseguia a mão de obra com as pessoas da comunidade. Ambos (José Afonso Júnior, prefeito, e Frei Honório) passa­vam dias dirigindo e ajudando os tra­balhos. Desta maneira, recuperaram quase todas as escolas do municí­pio. Por isso, o povo e as autorida­des concederam-lhe o título de "Ci­dadão Honorário Platinense, pelos relevantes serviços prestados à Co­munidade”.

Definidor provincial- No capítulo provincial de 1984, foi eleito definidor provincial. Aos 04.01.1985transferiu- se para a cúria provincial, em Curitiba. Em razão de sua experiên­cia, assumiu a secretaria de pasto­ral da Província. Durante três anos, organizou encontros e cursos em quase todas as paróquias da Provín­cia. Elaborou apostilas e questioná­rios para o setor pastoral. Passava dias nas paróquias, ajudando nos tra­balhos e organizando palestras aos frades e aos leigos. Organizou a Se­

cretaria de Pastoral centralizada na cúria provincial.

São Lourenço d’Oeste - Aos 21.01.1987, ainda como definidor pro­vincial, Frei Honório assumiu a paróquia de São Lourenço d’Oeste. Programou oito linhas de ação: conselhos, catequese, liturgia, juventude, grupos de reflexão, promoção humana e so­cial, dízimo. No perímetro urbano fo­ram implantados 31 setores, que fun­cionavam nas oito linhas da paróquia. Um grupo ativo e dinâmico prestou- lhe excelente colaboração. No final de 1990, a paróquia contava com 300 ministros da eucaristia (dos quais, 51 também ministros do batismo e ma­trimônio), 650 catequistas, 280 equi­pes de liturgia, mais de mil grupos de reflexão, funcionamento da promo­ção humana, do centésimo e de ou­tras iniciativas paroquiais.

Cruzeiro do Oeste - Em dezembro de 1990 foi transferido para Cruzeiro do Oeste-PR. A permanência nessa cidade foi até o final de 1991. Como vigário paroquial, visitava todas as capelas. Enquanto isso, o pároco vi­ajou à Itália e não retomou mais para Cruzeiro.

Laurentino - Em janeiro de 1992, mudou-se para Laurentino. Além de ser um campo pastoral mais tranquilo, encontrava-se perto da casa da mãe e do irmão Graciano, gravemen­te enfermo com um câncer, que logo veio a falecer. Nesta paróquia, inicial­mente enfrentou diversas dificulda­des, superadas por causa de sua tenacidade. Convocou lideranças, apresentando-lhes o novo plano pas­toral. Começou a formação de seto­res no perímetro urbano. Toda a pas­toral começou funcionar em todos os 21 setores. Com a renovação da pas­toral, diversas obras materiais foram surgindo na igreja matriz e nas cape­las. A seguir foi transferido para Marmeleiro.

Marmeleiro - Foi transferido para esta cidade em 1996, com dois confrades. Visitaram comunidades e capelas. Introduziram o plano pasto­ral com oito linhas, nas capelas e setores urbanos. Aos poucos, come­çou a nova caminhada, crescendo material e espiritual. No entanto, o grupo carismático não aceitou a re­novação pastoral. As intrigas cresce­ram e, no final, os três Freis deixaram a paróquia. Ajudou, por pouco tem­po, as paróquias de Santo Antônio da Platina e de Umuarama.

Rio do Oeste - Frei Honório per­maneceu apenas 9 meses nessa pa­róquia. Nesse breve período, reuniu as lideranças e os ministros da eucaristia, visitou as capelas e conse­guiu implantar as oito linhas pasto­rais, por ele usadas. Dedicou-se na formação dos ministros da eucaris­tia, batismo e testemunhas qualifica­dos para o matrimônio. Residia nos fundos da igreja matriz, em salas úmidas e sem sol. Fazia a limpeza e sua comida. Em consequência dis­to, começou a sentir alergia, dificul­dade de respiração, que o obrigava a dormir no sofá. Certo dia, quando vi­sitava a capeia Ribeirão do Café, des­maiou. Um casal presente levou-o apressadamente ao hospital, em si­tuação difícil. Foi preciso levá-lo a Curitiba e foi o início de sérias dificul­dades de saúde para ele. Nesse tem­po de tratamento, conseguiu escre­veu seu livro Reconstrói minha Igreja (que foi publicado), no qual explica suas oito linhas de trabalho pastoral.

Arapongas-Em parte restabele­cido, assumiu a paróquia Santo de Arapongas, informado de que seria por dois anos porque a diocese pla­nejava reassumi-la. Chegou a esta cidade em fevereiro de 2001 e sua estadia foi marcada por “fortes sofri­mentos e alegrias”. A incontinência, provocada pela cirurgia, diabetes em hipo e hiperglicemia, respiração difí­cil e o transplante de uma veia na perna dificultaram seu trabalho. Ape­sar disso, reorganizou as linhas pas­torais da paróquia e fez diversas melhorias na igreja matriz, nos dois salões paroquiais. A paróquia foi de­volvida à diocese aos 29.12.2002. No dia seguinte, Frei Honório foi para o convento das Mercês e escreveu: “Foi um dos momentos tristes de minha vida”.

Convento das Mercês - De 2003 até 2007, Frei Honório permaneceu no convento das Mercês, em Curitiba e, não obstante os contínuos tratamen­tos de saúde, dedicou-se intensamen­te em atender as confissões e orien­tar espiritualmente os fiéis que, diari­amente, o encontravam no confessi­onário da igreja matriz deis Mercês.

Doenças - Quando estava em Rio do Oeste-SC teve forte crise as­mática, obrigando-o a tratamento in­tensivo em Curitiba. Recuperado foi para Arapongas, onde as dificuldades do diabetes começaram a crescer. Por falta de circulação teve transplante de veias nas duas pernas. Veio para o convento das Mercês, em Curitiba, onde permaneceu até seu falecimen­to. Este período foi um calvário de doenças que se agravam paulatina­mente. Começou a perder a visão. O diabetes apresentava variações mui­to grandes. Diversas vezes entrou em hipoglicemia, que o obrigava a inter­nar-se com urgência em hospitais. Seus rins estavam comprometidos e, a partir de julho de 2006, teve que submeter-se à hemodiálise (três ve­zes por semana) até o falecimento. Sofreu um processo de alucinações que o obrigou a permanecer na UTI quase um mês. Após o falecimento de sua mãe (8.6.2007), passou qua­se dois meses internado no Hospital Evangélico, com várias complica­ções. As dores nas pernas iam cres­cendo por causa de inflamações de nervos, provocadas pelo diabetes. Nas últimas semanas tinha sinais evi­dentes de gangrena nos pés, aumen­tando-lhe as dores. Devido a tantas dores por todo o corpo, tornou-se um problema movimentá-lo. No dia 9 de agosto de 2007, às 9 horas e meia da manhã, no Hospital Evangélico de Curitiba, Frei Honório faleceu placida­mente.

Às 15h de 10.8.2007, a missa exequial foi celebrada pelo Ministro Provincial na capela da fraternidade de Butiatuba. Estavam presentes Freis das casas vizinhas, dos grupos de retiro da Casa de Oração (Curi­tiba) e do noviciado (Joinville), diver­sos familiares, amigos e representan­tes de Arapongas e Santo Antônio da Platina participaram dos ritos fúne­bres. Após a encomendação final, foi conduzido ao nosso cemitério e se­pultado sob olhar de muitos frades, familiares e amigos.

Frei Bento Vasco Sanson

07/06/1941
13/08/2001

07.06.1941 - Palmeira/Paraná
13.08.2001 - Curitiba/Paraná

Frei Bento, filho de Tibúrcio Vasco e de Elísia Sanson Vasco, nasceu aos 07 de junho de 1941 em Rio de Areia (Volta Grande, Palmeira), Paraná. Foi batizado pelo Padre Teodoro Matessi aos 24.08.1941 na capela de Rio de Areia, e crismado ao 10.08.1964 em Palmeira. No Faxinal dos Vieiras (Palmeira), recebeu a primeira comunhão aos 07.10.1951.

Após ter feito alguns trabalhos e servido o exército no 13 Regimento de Infantaria em Ponta Grossa (20.06.1960 a 10.03.1961), entrou no seminário de Engenheiro Gutierrez, Paraná, a 01.03.1963, onde fez o postulado para irmão religioso. Aos 05.01.1964 iniciou o noviciado em Siqueira Campos, Paraná, sendo mestre de noviços Frei Bonifácio Piovesan. Por falta de saúde, interrompeu seu noviciado. Transcorrido certo tempo para tratamento, pediu para retornar e foi aceito como Terceiro Franciscano, ficando ao serviço do convento das Mercês, em Curitiba (1968-1976).

Durante o período em que esteve em Curitiba, aproveitou para terminar os estudos ginasiais (1973-1976) no Colégio Estadual Professor Guido Straube. Em seguida, foi para o seminário Santa Maria de Engenheiro Gutierrez onde, nos anos 1977-1979, freqüentou o curso colegial.

Vestiu o hábito pela segunda vez a 01.12.1979, no convento das Mercês, sendo mestre Frei João Daniel Lovato. No ano seguinte, professou nesse mesmo convento aos 02.12.1980, diante do Ministro provincial, Frei Adelino Frigo. Emitiu sua profissão perpétua aos 18.05.1994 em nossa fraternidade de Butiatuba, na presença do Ministro provincial, Frei Adelino Frigo.

Terminado o noviciado, Frei Bento permaneceu na Cúria provincial, em Curitiba, para os serviços gerais da casa (1980-1983) e no convento das Mercês, como porteiro (1984-1985). Continuou colaborando com as fraternidades de diversas casas: em Butiatuba, como hortelão e porteiro (1986), em Engenheiro Gutierrez (1987), na casa de praia em Itapoá (1988) prestando serviços gerais. Atendeu os freis doentes no convento das Mercês (1978-1994, 1997-1998) e na Cúria provincial (1995-1996) por anos seguidos. Acompanhou o Ministro provincial em diversas viagens pela Província e confeccionou muitas batinas para os noviços e os demais frades.

Nos últimos anos, impedido de fazer outros trabalhos por causa da doença, dedicou-se em confeccionar terços e outros objetos religiosos. Em Curitiba, onde passou boa parte de sua vida, muitas pessoais o conheciam e ele procurava manter essas amizades com visitas recíprocas. Frei Bento foi uma pessoa que muito sofreu em seu físico com a hepatite B e também no aspecto psicológico. Percebia-se nele grande vontade de vencer sua doença, tomando muitos cuidados pessoais.

Desde 1997 até seu falecimento, quase sempre esteve em tratamento na Cúria provincial e no convento das Mercês para superar as dificuldades que lhe criava seu complicado caso de hepatite. Por alguns anos permaneceu na longa fila para receber um transplante de fígado. Como não chegasse sua vez, seu estado físico chegou a tal ponto que não teria suportado mais tal cirurgia. Por diversas vezes foi internado em hospitais para superar fases agudas de sua doença. Segundo o depoimento de médicos que o atenderam em sua fase final, seu fígado tinha desaparecido por completo e provocado um câncer que lhe invadiu também o estômago, provocando-lhe hemorragias e o desenlace final.

Aos 7 de agosto de 2001, frei Bento Vasco Sanson internou-se, pela última vez, no hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, Paraná. No convento, seu estado era de fraqueza geral e mostrava-se indisposto à alimentação. Sua última internação deveu-se à uma hemorragia. No hospital, enfraqueceu rapidamente e sua fisionomia demonstrava que seu fim estaria próximo. Faleceu às 18h15 de 13 de agosto de 2001, tendo ao seu lado Frei Serafim de Oliveira. Mas, no mesmo dia, tinha sido visitado por diversos frades que com ele falaram, embora ele respondesse por sinais ou com voz muito débil. O ecônomo provincial (Frei José Gislon) tomou todas as providências necessárias e, pelas 22 horas, o corpo de Frei Bento se encontrava em nossa igreja Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba. Segundo o certificado de óbito, Frei Bento faleceu de «insuficiência hepática, hepatocracionoma, cirrose hepática, hepatite por vírus B».

A missa de corpo presente foi celebrada na igreja Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba, presidida pelo Ministro provincial (Frei João Dom Lovato) e concelebrada por mais 17 sacerdotes, além de freis das fraternidades de Ponta Grossa, Céu Azul, Florianópolis, Butiatuba, Almirante Tamandaré, Vila Nossa Senhora da Luz, Equipe missionária, Cúria provincial e convento das Mercês. Os bancos da igreja das Mercês ficaram lotados de fiéis.

Na homilia, o celebrante traçou as linhas gerais do falecido, enriquecidas por pensamentos de outros freis e fiéis presentes na igreja. Frei Bento, apesar de suas limitações, mostrou-se perseverante, persistente e constante desde o noviciado. Por motivos de saúde, teve que deixar o noviciado. Mas, não desistiu. Passados alguns anos, retornou com a mesma constância, refazendo o noviciado, encaminhando-se à vida consagrada. Alimentou forte devoção à Virgem Maria e boa parte de sua vida dedicou-a em fazer terços marianos. Além dos trabalhos em diversas fraternidades, preocupava-se com os outros e com os pobres. Demonstrou-se bom e atencioso enfermeiro quando cuidava dos frades doentes. Segundo testemunhos, seus familiares reconhecem nele uma fora especial em diversos momentos de suas vidas. As famílias, que o conheceram, afirmaram que perderam um amigo com o qual aprenderam o sorriso cristão e o da amizade. Era estimado por muitas pessoas do bairro das Mercês, onde passou grande parte de sua vida.

Está sepultado em Butiatuba. 

Frei Elias Zulian de Postioma

09/08/1920
14/08/1976

09.08.1920 - Postioma/Itália
14.08.1976 - Ponta Grossa/Paraná

Frei Elias nasceu em Postioma (Itália), diocese de Treviso, no dia 9 de agosto de 1920. No dia 1 de setembro de 1932 foi aceito no seminário de Rovigo. Vestiu o hábito capuchinho em Bassano aos 19 de julho de 1938 e no dia 20 de julho do ano seguinte emitiu os votos temporários (20.07.1939). Percorreu o currículo dos estudos em Rovigo (seminário,1933-1938), Pádua (filosofia, 1939-1942), e Veneza (teologia, 1945-1946). Nesta última cidade professou perpetuamente no dia 28 de maio de 1944 e foi ordenado sacerdote aos 9 de setembro de 1945, na igreja do Santíssimo Redentor, em Veneza, pelo bispo capuchinho Dom Cornélio Sebastião Cuccarollo.

Poucos foram os lugares onde exerceu o apostolado na Província vêneta: auxiliar do capelão do cemitério em Údine (1947), Trieste (1948) e auxiliar do capelão do hospital civil de Veneza 1949).

Aos 08 de julho de 1949, os superiores o destinavam como missionário para o Paraná, no Brasil. Embarcou (22.10.1949) em Gênova no navio Anna Costa juntamente com Frei Celestino Coletti. Depois de ter desembarcado em Santos (09.11.1949), aos 12 de novembro de 1949, chegou como missionário no Paraná. Estavam presentes ao embarque um irmão, uma irmã e sua mãe, dona Giovanna Durigon. Enquanto os irmãos choravam, a mãe, sem derramar uma lágrima na sua dor, recordou-lhe o que havia dito antes do seu ingresso ao seminário seráfico: "Meu filho, pense bem no que estás fazendo... Vede! A porta desta casa está aberta para a tua partida, mas ficará fechada para o teu retorno. Assim te falei... Agora, após ter-me pedido a bênção para ir à missão, a minha atitude não mudou. Vai e cumpre o teu dever até o fim... Desta vez não quero chorar, pois sei que estás para assumir uma missão sacrossanta". "Eu – escreveu Frei Elias – não agüentei o que estava acontecendo; retirei-me na minha cabina e prorrompi em prantos". Logo seu companheiro Frei Celestino Coletti, que viajava com ele para o mesmo campo apostólico, com seu jeito humorístico, lhe animou o espírito. A travessia foi rápida e os recebeu no porto de Santos Frei Cleto Barbiero, que há dois anos trabalhava no Paraná.

Nos dois primeiros anos ensaiou sua pastoral como professor e vigário paroquial em Barra Fria, Santa Catarina (1949) e Bandeirantes, Paraná (1950). A 14 de janeiro de 1952 assumiu a Capelania dos Ferroviários nos Estados do Paraná e Santa Catarina, com sede em Vila Oficinas, Ponta Grossa, para não sair mais dos trilhos até sua santa morte.

No trem, nos vagonetes, nos núcleos ferroviários, na igreja de São Cristóvão, Frei Elias não conhecia limites em sua doação pelo bem de seus assistidos. Homem altamente dinâmico. Para o bem estar de seus ferroviários em Vila Oficinas, dirigiu o trabalho nas construções do Colégio do Primeiro Grau, Escola Doméstica, Salão paroquial, Cine Pax, e a nova igreja matriz. Legalizou a difícil questão dos terrenos em Vila Oficinas. Somente a morte o impediu de levar a termo o seu sonho: a «cidade dos meninos» em Caracará.

Segundo estatística de 1967, as estações sob a jurisdição da capela ferroviária São Cristóvão, alcançavam o total de 267. As turmas ferroviárias, sem contar as famílias, ascendiam a 315. Todos esses agrupamentos humanos se encontravam disseminados ao longo de 3.000 quilômetros da rede ferroviária, que Frei Elias procurava visitar periodicamente.

Além destas suas atividades, trabalhou como responsável da Ordem Franciscana Secular em âmbito local e provincial. De 1970 até 1973 foi membro da secretaria de economia da Província. Em 1976, os frades o elegeram como 3 Definidor provincial.

Enquanto as construções se erguiam, seu zelo apostólico o impelia a cultivar com desvelo as almas. Foi diretor espiritual dos movimentos de Cursilhos de Cristandade, organizou eficiente a OFS em Vila Oficinas, que foi seu apoio em todos os ministérios pastorais.

Frei Elias sempre demonstrou ser um capuchinho pobre e modesto; um apóstolo ardente e dinâmico, um sacerdote caridoso para com os irmãos.

No início de julho de 1976, de madrugada, um princípio de incêndio na casa paroquial, na Vila Oficinas (Ponta Grossa), além de grande susto exigiu demais do já cansado coração de Frei Elias. Depois de apagado o fogo e cessado o alvoroço, sentiuse mal. Hospitalizado, constatou-se infarto. Aos poucos ia se recuperando. Porém, no dia 13 de agosto, voltou a sentirse mal e após ser hospitalizado, em poucas horas já se recuperava. Passou tranqüilo a noite do dia 13 para 14 de agosto. Acordandose, manifestou uma incomum euforia. Lembrou que nesse dia ocorria o 56° aniversário de seu batismo. Pouco minutos depois seu coração parava de pulsar. Seu rosto se recompôs na mais plácida serenidade e parecia iluminado pelo sorriso.

Aos seus funerais (15.08.1976), o povo acorreu em massa. Presentes muitos sacerdotes da diocese, de institutos religiosos e personalidades da cidade de Ponta Grossa. Cantos, elogios fúnebres, flores e comoção geral envolveram as missas e liturgias fúnebres. Foi sepultado no interior da mesma igreja que ele construiu, na Vila Oficinas, em Ponta Grossa, entre seus paroquianos.

Frei Francisco Panzarini

03/03/1911
18/08/2007

* 03.03.1911 – Campo Magro/PR

† 12.08.2007 – Curitiba/PR

João Panzarini nasceu aos 3 de março de 1911, em Campo Magro- PR, em uma família de nove irmãos: 5 homens e 4 mulheres. Era o mais novo dos filhos do casal Alexandre Panzarini e Graciosa Migliorini, am­bos vindo da Itália. Ele de Maccacari e ela de Nogara, da província de Verona.

Aos 19 de fevereiro de 1931 in­gressou no convento Nossa Senho­ra das Mercês, em Curitiba, vestindo o hábito de postulante aos 28 de abril do mesmo ano. Aos 23 de agosto de 1933, em NovaTrento- RS, recebeu o hábito de noviço, com o nome de Frei Francisco de Campo Magro. Teve por mestre Frei Cláudio de Nova Pompéia e como Comissário Frei José de Bento Gonçalves. O superior do Paraná era Frei Inácio de Ribeirão Preto, e Frei Ja­cinto de Trieste Ministro provincial em Veneza. Emitiu a profissão temporá­ria aos 24 de agosto de 1934, no mesmo lugar, no Rio Grande do Sul.

Residências - Feita a profissão temporária, voltou para Curitiba, pres­tando o serviço de cozinheiro até 24 de junho de 1935. Foi provisoriamen­te a Butiatuba e emitiu a profissão perpétua aos 4 de outubro de 1937, retomando a Butiatuba onde perma­neceu até 24 de maio de 1942. Foi assistente do seminário e chacareiro. Aos 24 de junho de 1942 foi transferi­do para Barra Fria, SC, onde assu­miu a cozinha, a chácara e também esmoler. No fim, teve que ser Diretor legal do seminário por ser o único brasileiro na casa. Aos 2 de julho de 1946 foi para Joinville. Retomou para Barra Fria aos 30 de junho de 1947.

Em seguida, foi cozinheiro em Curitiba até 23 de março de 1953. Nesta data, retornou a Butiatuba como cozinheiro e chacareiro. Esmolou pelo norte do Paraná duran­te 13 meses. Aos 31 de dezembro de 1954 saiu de Butiatuba e foi a Barra Fria para esmolar trigo. Aos 13 de maio de 1955 foi transferido para o Seminário Santa Maria de Riozinho, onde trabalhou na lavoura até 30 de janeiro de 1958.

Nesta mesma data, foi enviado para Curitiba onde, no primeiro ano, como cozinheiro e depois, sacristão da igreja até 21 de junho de 1967. Pediu, então, para ser transferido para Ponta Grossa e foi atendido. Em 1968, por ocasião dos seus 25 anos de Vida Religiosa viajou à Itália co­nhecendo muitos lugares e visitando seus parentes. A19 de março de 1989 foi transferido para as Mercês e ali viveu até o fim dos seus dias.

Frei Francisco escreveu diver­sos relatórios sobre sua vida dando detalhes interessantes. O primeiro capuchinho que ele viu foi Frei Anselmo de São Mauro, que foi a Campo Ma­gro no dia 2 de dezembro de 1924, fazer os funerais de José Antônio Machado. Mais tarde, pôde encontrar-se com os seminaristas capuchi­nhos que foram passear em Campo Magro. Gostou deles e abriu diálogo vocacional. Após estes primeiros con­tatos, decidiu acompanhar, durante 28 dias, Frei Inácio Dal Monte que visi­tou as capelas espalhadas pelas matas do Açungui. Feitas estas ex­periência, aumentou o desejo de ser frade capuchinho. Deixou sua casa, sua noiva (o casamento já estava pre­visto) e entrou no convento dos ca­puchinhos das Mercês, em Curitiba. Foi o primeiro vocacionado brasileiro da nossa Província que vestiu o hábi­to capuchinho.

Frei Francisco, ao longo de sua vida, amou muito a Ordem Capuchinha, a espiritualidade, os costu­mes e valores da vida capuchinha. Foi muito dedicado em todos os encar­gos que os superiores lhe confiaram. Além de cultivar sua vida espiritual, gostava e se alegrava com os mo­mentos de lazer. Contava seguida­mente histórias de sua vida, algumas delas curiosas e interessantes.

Descreveu, com pormenores, sua entrada no convento, sua viagem pelos matos do Açungui, a fisionomia espiritual dos primeiros frades que ele conheceu. Enfim, gostava de escre­ver. Fez diversas poesias, sempre com fundo histórico, sobre algumas de nossas casas. Algumas foram publicadas no Boletim da Província. Anotava em seus cadernos (quase todos conservados em nosso Centro Histórico e Arquivo Provincial) muitos fatos de sua vida. Escreveu também diversos teatros, principalmente em Barra Fria-SC (hoje, Lacerdópolis), dirigindo as encenações.

Durante a guerra de 1939 a 1945, foi o diretor legal do Seminário de Barra Fria porque era o único frade brasileiro da fraternidade. Também em Barra Fria era conhecido pelos colonos italianos como “il frate delia carretina” porque ia esmolar com a carroça, de casa em casa para o sustento do seminário.

Em Ponta Grossa e Curitiba tor­nou-se muito popular. Os meios de comunicação (rádio e TV) gostavam de entrevistá-lo e publicar sua foto­grafia com a longa e simpática bar­ba, com seu sorriso e gargalhadas típicas. Tomou-se muito amigo do diretor do jornal Gazeta do Povo, em Curitiba, benzendo sua casa e insta­lações.

Manifestou bom gosto e muita criatividade na ornamentação solene e grandiosa do altar de Nossa Senhora das Mercês, nas festas e casamentos, e isso também em nossa igreja Bom Jesus em Ponta Grossa. Temos fo­tos muito bonitas destas ornamenta­ções.

Foi exemplo constante de tra­balho dedicado, abnegado, sempre alegre, em todas as fraternidades onde desempenhou os mais variados misteres: cozinheiro, hortelão, cha­careiro, assistente nos seminários menores, sacristão, porteiro, esmoler. Sempre foi muito trabalhador. Em Curitiba, ganhou prêmio pelo seu cui­dado em zelar as hortas caseiras.

Sobretudo em Curitiba aplicou-se, com especial zelo, em benzer resi­dências, casas comerciais, fábricas, consultórios, pessoas e a celebrar exequiais nos cemitérios da Capital. Viajou para a Itália duas vezes: em 1968 e em 1988. Na primeira vez, conheceu seus tios maternos e pa­ternos e muitos outros parentes (seus pais nasceram e casaram na Itália). Depois desta viagem, alguns paren­tes da Itália vieram visitá-lo no Brasil. Na segunda vez, além da Itália visi­tou a Terra Santa. Frei Francisco fa­lava com muito entusiasmo dessas viagens.

Amava a natureza em todos os seus aspetos. Tratava de animais, de passarinhos e de todo ser vivente que via. De maneira especial, seu amor se manifestou no campo das orquí­deas. Associou-se a entidades orquidiófilas em Ponta Grossa, onde foi presidente durante 8 anos. Parti­cipava, com entusiasmo das reuni­ões, das exposições, de expedições em busca de novas orquídeas. Tomou parte em exposições em Ponta Gros­sa, Curitiba, Joinville e até em São Paulo. Ganhou inúmeros prêmios, medalhas, troféus com suas orquí­deas e demais atividades, conserva­dos em nosso Centro Histórico. Em Ponta Grossa recebeu o título de cidadão pontagrossense (1994), além de outros títulos. Quando não podia mais cuidar das orquídeas, alegrou-se imensamente com Frei Carlos Alberto David que o substituiu neste cultivo.

No tempo de Natal, alegrava-se em montar presépios, sempre com criatividade, principalmente na igreja Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba, e no convento Bom Jesus, em Ponta Grossa.

Demonstrou grande amor aos seus familiares e amigos. Visita­va-os com frequência. Participava dos encontros familiares e gostava de ser visitado por eles. Enfim, vivia esses momentos com franciscana alegria e dando testemunho de seu ideal capuchinho. Contava, aos frades, com alegria, todos esses encontros.

Em sua idade avançada, perdeu um pouco da ótima memória históri­ca, mas conservou lucidez da mente até os últimos dias de sua vida. Em sua vida, enfrentou apenas as doen­ças normais, passando por algumas cirurgias e internamentos breves.

Frei Francisco deixou belos exemplos de vida capuchinha, de de­dicação, de testemunho de frade menor. Faleceu no dia 11 de agosto de 2007, na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças. Com sua mor­te, perdemos o primeiro Frei brasilei­ro, professo da Província e ganha­mos novo intercessor junto de Deus a favor da mesma Província e das vocações. Bendito seja Deus! Viveu 73 anos de vida religiosa, semeando o bom exemplo de servidor dedicado em todos os lugares e sempre afirmando que sentia um frade realizado em sua vida.

No dia de seu sepultamento (12.8.2007), o Ministro Provincial (Frei Cláudio Nori Sturm) presidiu a missa com mais 19 concelebrantes, Freis, postulantes, parentes e amigos de Frei Franciscano. Em sua homilia, o Ministro Provincial narrou seus últi­mos encontros com Frei Francisco no Hospital Nossa Senhora das Graças, onde faleceu. O Frei repetiu que estava con­tente com sua vocação capuchinha e, se fosse vivê-la novamente, a faria com o mesmo entusiasmo e dedica­ção. “Sinto-me sereno, tranquilo, ple­namente realizado”, disse ao Minis­tro Provincial. Seus restos mortais repousam em nosso cemitério parti­cular, na fraternidade Santo Antônio de Butiatuba.

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