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A ovelha desgarrada

Publicado por Frei Ivo Bonamigo | 27/03/2019 - 05:00

O frei Amigo desta vez foi pregar missão, sozinho. Levou a Imagem de nossa Senhora de Fátima e o Crucifixo.  Naquela comunidade encontrou muita intriga, onde o pessoal escutava o missionário, mas não reagia, estava como que parado. A missão parou. Nem confissões, nem comunhões, nem perdão. Todos estavam intrigados e quase sempre com a mesma pessoa e o sujeito não aparecia na missão.

No começo da missão o missionário tinha dito: Vá antes reconciliar-te com teu irmão. Mas o irmão não aparecia para o pessoal se conciliar com eles, por isso, a missão parou. Percebendo isto, o missionário pediu para alguém chamar o sujeito. Desde agora vamos chamar este sujeito de Pedro. Ninguém teve coragem de chamar Pedro para vir falar com o missionário. Por sorte a mulher dele o convidou. Mas respondeu que não viria às missões.

O missionário não sabia o caminho da casa do Pedro. Por isso, pediu para que alguém o acompanhasse até lá. Todos se negaram ir com o missionário. A desculpa que apresentavam era ser ele homem perigoso. Finalmente apareceu alguém e falou em segredo, indicando o caminho ao missionário.

Via-se com isto ser uma comunidade assustada. Vendo-se só, o missionário foi diante do Sacrário e da Virgem Maria, pediu a bênção e saiu. Na saída alguém lhe disse: Cuidado! Ele é mau, já bateu em dois padres, você pode ser o terceiro. O missionário chegou à casa de Pedro, mas estava só a mulher dele que se atreveu dizer: Pedro está lá no mato trabalhando, siga aquele rasto que chegará lá, mas não diga para ele que eu indiquei o caminho.

Retirou-se como quem estava com medo e ficou olhando o missionário abrir o portão, entrar no potreiro e subir seguindo o rasto, até chegar à beira do mato. Entrou e foi andando pelos buracos no meio do mato. Lá numa altura sentiu gritos e fortes chicotadas. Foi onde viu triste cena. Dois cavalos magros como os dois que viu no potreiro, puxavam uma enorme torra de madeira. Quase nem conseguiam mexer aquele enorme pau. O grito e os chicotes não faziam efeito, só doíam. O missionário chegou perto.

Quando Pedro viu o frei no meio do mato, de batina e crucifixo no peito, gritou: Pare ai, não se aproxime. Eu sou homem perigoso e mau, já surrei padres, não quero surrar mais um. Havia com ele mais dois homens: Antônio e João. Eles ficaram parados e espantados pelo que poderia acontecer. Nunca tinham visto um missionário no meio do mato e se atrever falar com esse homem.

O missionário saudou sorrindo e disse: Vim trazer a paz, vim ao teu encontro Pedro, vim conversar sem briga. Pedro foi se acalmando, chegou mais perto, contou sua história dizendo que estava arrependido do que fez. Depois de uma boa conversa o missionário pediu se ele queria se confessar. Respondeu que sim, mas será com os padres que eu surrei. Amanhã vou procurar os padres e pedir perdão para eles. Agradeceu a coragem que o missionário teve de falar com ele apesar de toda conversa negativa sobre ele.

A visita do missionário o fez cair em si, se arrepender e ter vontade de falar com os padres que ele ofendeu. No fim disse: Pode voltar para a missão e dizer para o povo que de minha parte eu perdôo a todos os que me ofenderam e peço perdão a todos os que eu ofendi. O missionário lhe deu a bênção e se despediu. Amém.

 

Concluindo: O missionário retornou levando todo perdão e garantia. Ao chegar de volta, encontrou o povo reunido na Igreja, ajoelhado, rezando. Ao relatar o que lá no mato ocorreu junto do Pedro temido, o povo vibrou pelo sucesso da missão. Acredito que foi a melhor pregação que tocou o povo que até chorava de alegria.

Dia seguinte Pedro cumpriu a palavra. Foi visto sair de casa à cavalo para procurar os padres, pedir perdão e se confessar para receber as graças da santa missão.

A missão foi vibrante e calorosa, cheia de perdão e paz. Louvado seja Jesus o Bom Pastor e Maria de Fátima que deram a coragem ao missionário e tudo terminou bem. Amém.

Sobre o autor
Frei Ivo Bonamigo

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