Via Sacra da mãe de um inocente
Atormenta-me a lembrança do filho que não morreu.
Não posso esquecer o lindo sorriso que não vi.
Dói-me o coração pelas carícias que não dei.
Sofro sem consolo pensando na criança que abortei.
Súplica entre dor e esperança
A Ti Senhor, a Ti que perdoaste a mulher adúltera,
A Ti entrego a minha dor e minha esperança.
Porque em Ti confio.
Somente no amor gratuito que me ofereces,
Poderei refazer minha vida,
Porque Tu disseste:
Vinde a Mim vós todos que estais sobrecarregados e aflitos. E Eu vos aliviarei!
Senhor!
Em Ti confio.
A Ti entrego minha dor e minha esperança.
Amém.
Via Sacra dos Inocentes
1ª.Estação. Condenação.
Eu fui condenado à morte antes de ter nascido. A mim ninguém me deu amor, pois a mim ninguém me quer.
2ª.Estação. Jesus com a cruz.
Carregaram-me com a maldição de ser indesejado. Todos me amaldiçoam, terei de ser eliminado.
3ª. Estação. Primeira queda.
Eu sou um pecado, uma queda. Ninguém pode ser obrigado a carregar o erro duma gravidez não desejada!
4ª. Estação. Encontro com a mãe.
Quão doloroso, Senhor, foi o teu encontro! Eu... Eu não tenho mãe que me encontre e chore! Eu estou encarcerado no ventre de uma mulher que me manda matar!
5ª. Estação. O Cirineu.
Alguém te ajudou a levar a cruz, a mim, a mim ninguém me ajuda! O médico dará à mulher um narcótico para que ela não sofra quando eu sofrer a morte.
6ª. Estação. A Verônica.
Oh, quem me dera uma Verônica que me consolasse na minha condenação! Ninguém sabe da minha situação! A lei cala os próprios cristãos!
7ª. Estação. Segunda queda.
É fácil mandar me matar, enquanto sou pequeno! Meu pai faz cálculos: quanto vou custar? Minha morte sai mais barato! Daí... Tenho que morrer!
8ª. Estação. As mulheres.
De que te serviram, Senhor, as lágrimas das mulheres? Não puderam impedir a tua morte! De que me valem as leis? Legalizam a minha morte!
9ª. Estação. Terceira queda.
A queda é fatal: eu tenho que morrer! Estão confirmados os cálculos: Não há lugar para mim! Não há um pedacinho de pão para mim neste vale de lágrimas. Tenho que morrer.
10. Estação. Jesus despido.
A Ti despiram-te dos vestidos. Eu nunca tive um vestido! Apenas a minha pele. Mas mesmo assim... Agarram-me com segurança!
11ª. Estação. Crucificação.
A Ti pregaram-te numa cruz. A mim partem-me em pedaços. E também contam todos os pedacinhos... Para terem a certeza de que a mãe não fica com infecção.
12ª. Estação. Morte na cruz.
Tu morres. Eu também. Tu és inocente. Eu também. Lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino. No teu Reino de Vida Eterna.
13ª. Estação. Descido da cruz.
Morto, pudeste repousar no regaço de quem nasceste... A mim renovam-me apenas a maldição. Porque serei uma carga a pesar... Na consciência!
14ª. Estação. No Túmulo.
A Ti ofereceram-te um túmulo. Para mim apenas o Montoro de lixo!... Lá esperarei o juízo final. Quando terei de fazer o meu depoimento contra... Meus pais.
Richard Thaimann.
Quem ama não mata!