Das Cartas de Santo Atanásio, bispo
Epist. ad Epictetum, 5-9: PG 26, 1058. 1062-1066) (Sec. IV)
O Verbo tomou de Maria a nossa condição humana
O Verbo de Deus veio para socorrer a descendência de Abraão, como afirma o Apóstolo, e por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos e assumir um corpo semelhante ao nosso.
É para isso que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi d’Ela que o Verbo assumiu como próprio aquele corpo que havia de oferecer por nós. A Sagrada Escritura recorda este nascimento e diz: Envolveu-O em panos; além disso, proclama ditosos os peitos que amamentaram o Senhor e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogênito.
O anjo Gabriel tinha anunciado esta concepção com toda a precisão e prudência; não lhe disse: «O que há-de nascer em ti», como se tratasse de algo extrínseco, mas de ti, para indicar que o fruto deste nascimento procedia realmente de Maria.
O Verbo, ao tomar a nossa condição humana e ao oferecê-la em sacrifício, assumiu-a na sua totalidade, para nos revestir depois a nós da sua condição divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.
Estas coisas não se realizaram de maneira fictícia, como disseram alguns. Longe de nós tal pensamento! O nosso Salvador foi verdadeiramente homem e assim alcançou a salvação do homem na sua totalidade. Não se trata de uma salvação fictícia, nem se limita a salvar o corpo: o Verbo de Deus realizou a salvação do homem todo, isto é, do corpo e da alma.
Portanto, era verdadeiramente humana a natureza do que nasceu de Maria, segundo as divinas escrituras; era verdadeiramente humano o corpo do Senhor. Verdadeiramente humano, quero dizer, um corpo igual ao nosso. Maria é, de fato, nossa irmã, porque todos descendemos de Adão.
O que João afirma ao dizer: O Verbo Se fez homem, tem um significado semelhante ao que se encontra numa expressão paralela de São Paulo quando diz: Cristo fez-Se maldição por nós. Pela união e comunhão com o Verbo, o corpo humano recebeu um enriquecimento admirável: era mortal e passou a ser imortal, era animal e converteu-se em espiritual, era terreno e transpôs as portas do Céu.
Por outro lado, a Trindade, mesmo depois da encarnação do Verbo em Maria, continua a ser a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição, permanecendo sempre na sua perfeição absoluta. E assim se proclama na Igreja: a Trindade numa única divindade; um só Deus, no Pai e no Verbo.
Fonte: Liturgia das Horas
Mártir no Japão. Sacerdote da Ordem Primeira (1567-1597). Canonizado por Pio IX a 08 de junho de 1862.
A 05 de fevereiro de 1597, em Nagazaki, morreram crucificados seis religiosos Frades Menores e dezessete terciários franciscanos. Era o final de um longo calvário, que se alastrou por cidades e regiões, entre suplícios de todo gênero, acolhimentos triunfais por parte dos cristãos e pagãos. Apesar da natureza da perseguição contra a Igreja, desencadeada pela instigação dos bonzos, não se fechou a época da assombrosa difusão do cristianismo no Japão.
Martinho da Ascenção nasceu da família Loinez de Beasáin, perto de Pamplona (Espanha) em 1567. Aos quinze anos foi enviado por sua família a Alcalá para estudar filosofia e teologia. Mas em 1585, pediu para ser admitido na Ordem dos Frades Menores no convento de Augnon. Feita a profissão solene, no ano seguinte foi enviado ao convento de São Bernardino de Madri, onde viveu exemplarmente entre penitências e mortificações. Ordenado sacerdote, solicitou ir para as missões e, do convento de S. Ângelo de Alcalá, foi enviado para o México (1590), onde ensinou filosofia e teologia no convento de Churubusco. Logo foi enviado para as Filipinas, lecionando em Luzón. Em 1595, Frei Martinho, junto com seu aluno Francisco Blanco, foi enviado para as missões no Japão.
Em Meaco, perto de Osaka, exerceu o ofício de guardião e desempenhou grande atividade apostólica. Ao fim do mesmo ano desencadeou grande atividade apostólica. Ao fim do mesmo desencadeou a perseguição e Martinho foi arrastado com três terciários franciscanos: Joaquim Saccakibara, Tomás e Antônio Kosaki, respectivamente de 15 e 13 anos.
Com os Jesuítas Santiago Kisai, Paulo Miki e João Soan de Goto foram levados a Meaco, onde outros cristãos já se encontravam presos. Cortaram-lhes a orelha esquerda e logo foram expostos às zombarias do povo das cidades por onde passavam a caminho de Nagazaki. Ali foram crucificados com outros 25 companheiros. Morreu rezando o salmo 116, “Louvai o Senhor todos os povos”.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Embora venerado desde os primeiros tempos na Igreja, o Nome de Jesus só na Idade Média, a partir do século XIV, começou a ter culto litúrgico, tendo sido os franciscanos quem mais contribuiu para a difusão dessa devoção piedosa. E em 1530, o papa Clemente VII autorizou esse culto, com missa e ofício divino, na Ordem Franciscana.
São Francisco, conforme referem os seus biógrafos e ele mesmo dá a entender no Testamento, manifestava uma especial ternura para com o nome de Jesus. Era tal o seu respeito, que se encontrava algum pedaço de papel com esse nome escrito, logo o recolhia, para que ninguém, mesmo sem querer, o calcasse aos pés. E recomendava aos irmãos que fizessem o mesmo. Quando pronunciava esse nome, sentia-se invadido duma tal doçura, que parava um pouco para a saborear.
O mais ardente propagandista da devoção ao nome de Jesus foi São Bernardino de Sena, que por meio dessa devoção conseguiu converter muita gente à vida evangélica, despertar a fé e desenraizar vícios. Pioneiro dos modernos meios áudio-visuais, difundia e expunha à veneração dos fiéis um monograma com o nome de Jesus. Sendo acusado de heresia perante o papa Martinho V, acorreu em defesa do seu mestre outro grande pregador franciscano, São João de Capistrano, em controvérsia pública foi reconhecida pelo papa a ortodoxia de São Bernardino e confirmada a conveniência de tal devoção. Organizou-se então uma solene procissão por várias ruas de Roma – autêntica apoteose do Nome de Jesus.
A frente dum exército cristão, em Belgrado, São João de Capistrano, invocando o Nome de Jesus, derrotou e pôs em fuga as hostes muçulmanas. São Tiago da Marca, invocando o mesmo Nome, curava enfermos, expulsava demônios e realizava milagres. São Leonardo de Porto Maurício, os Beatos Alberto de Sarteno, Bernardino de Féltria, Mateus de Agrigento, Marcos Fantuzzi de Bolonha e muitos outros, foram apóstolos entusiastas desta devoção.
“Nome de Jesus, Nome glorioso que está acima de todos os nomes, alegria e gozo de anjos e santos, em ti repousa a esperança da graça e a confiança da glória. Nome dulcíssimo, em ti tem origem a renovação da vida e o perdão dos pecados. Tu enches as almas de delícias celestiais e afasta-las das vaidades do mundo. Nome cheio de graça, por ti os nossos olhos contemplam a profundidade dos milagres, os nossos corações se inflamam de santo amor, recobram forças para a luta e afugentam os perigos. Nome glorioso, nome admirável, nome delicioso e digno de toda a nossa veneração, nome dulcíssimo de Jesus, nosso Rei! Com a abundância das tuas graças consegues levantar-nos acima da baixeza da nossa terra miserável e elevar-nos até às alturas divinas. Concede-nos, ó Jesus, que todos quanto se consagram ao teu Nome, nele encontrem a salvação e a glória. Amém.” (São Bernardino de Sena).
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Viúva, mística da Terceira Ordem (1248-1309). Clemente XI, no dia 7 de maio de 1701, concedeu em sua honra ofício e missa.
Ângela de Foligno é uma grande mística, da envergadura de Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Génova e Santa Gema Galgáni.
Oriunda de família nobre, embora na juventude se tenha deixado seduzir pelo espírito mundano e prestado culto à vaidade feminina, veio a ser uma esposa e mãe exemplar. Quando, passado pouco tempo, se viu privada de toda a família, renunciou a todos os bens terrenos e ingressou na ordem terceira da penitência, fundada por São Francisco. A conversão ocorreu em 1285. Fez uma confissão geral perante o Padre Arnaldo ou Adão de Foligno, que desde essa altura foi o seu diretor espiritual e confidente. Dedicou o resto da vida à penitência e à caridade fraterna, que chegava ao heroísmo na assistência a leprosos. A sua doutrina, e sobretudo o seu exemplo, atraíram em redor dela um grupo de espíritos religiosos, entre os quais o célebre Fr. Ubertino de Casal.
Em 1292, como resultado duma peregrinação a Assis, dá uma nova e radical orientação à vida, distribuindo-a entre a penitência, a contemplação e a caridade para com outras mulheres que a ela se confiam como mestra espiritual. Viu-se então que Deus a escolhera para nela derramar o seu amor e lhe confiar revelações sublimes sobre os seus mistérios. Obedecendo à inspiração divina, sentiu-se obrigada a confidenciar ao seu confessor as visões e revelações que tinha, elementos da mais requintada mística cristã e franciscana. Dedicava especial predileção aos mistérios de Jesus a sofrer na cruz e ao sacrifício eucarístico. “O livro das admiráveis visões e consolações” é um tratado completo de teologia e mística. Apesar de nunca ter feito estudos teológicos, Ângela foi homenageada como “mestra de teólogos”. A sua sabedoria não era fruto de estudos, mas apenas de inspiração divina. Deus mostra uma predileção especial por ela, e Cristo não cessa de lhe falar. Para ela nada existe senão Cristo, por quem ela se imola e se consome.
Voou para o Céu a 3 de janeiro de 1309, e o seu corpo foi sepultado na igreja de São Francisco da sua cidade natal. No livro das suas visões, escrito por Fr. Arnaldo, Ângela continua viva e palpitante no meio de nós, a repetir-nos “que toda a gente pode e deve amar a Deus, em quem se encontra a plena felicidade. Deus não nos pede senão amor, ele que é o verdadeiro amor das almas”.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Seu túmulo foi cenário de muitos prodígios e graças. Assim, a atribuição de sua santidade aconteceu naturalmente, àquela que os devotos consideram como a padroeira das viúvas e protetora da morte prematura das crianças. Foi o Papa Clemente XI que reconheceu seu culto, em 1707. Porém ela já tinha sido descrita como Santa por vários outros pontífices, à exemplo de Paulo III em 1547 e Inocente XII em 1693. Mais recentemente o Papa Pio XI a mencionou também como Santa em uma carta datada de 1927.
Sacerdote. Discípulo de São Francisco, da Primeira Ordem (+1237). Aprovou o seu culto Bento XIV em 24 de abril de 1751.
A primeira Clarissa a ser honrada com culto público não foi Santa Clara, mas a Beata Felipa Mareri, morta em 1236, quando Santa Clara todavia, vivia em São Damião de Assis. Ao nome e à vida da Beata Felipa, está ligada a vida e a figura do Beato Rogério, de Todi, na Úmbria. Ele conheceu pessoalmente São Francisco e foi um de seus primeiríssimos seguidores, junto com Bernardo de Quintavale, Gil, Leão, Silvestre.
Rogério de Tódi foi um dos primeiros companheiros e seguidores de São Francisco, cujo exemplo São Francisco costumava definir o irmão ideal por ele sonhado. O verdadeiro frade menor deve ter a fé de Fr. Bernardo, a simplicidade e pureza de Fr. Leão, a afabilidade de Fr. Ângelo, o garbo de Fr. Masseu, a paciência de Fr. Junípero, a solicitude de Fr. Lucílio e a caridade de Fr. Rogério.
Tendo em conta a sua sensatez, aliada a um ardente fervor missionário, São Francisco enviou-o à Espanha para lançar nessa península os alicerces da ordem franciscana. Aí acolheu muitos pretendentes à nova forma de vida, erigiu conventos, que organizou como província religiosa. Uma vez cumprida essa missão de organizar, regressou à Itália. São Francisco confiou-lhe então a direção espiritual do mosteiro das clarissas fundado pela Beata Filipa Maréri, depois dessa mulher, duma atividade excepicional e quase desconcertante, ter optado por uma vida mais tranqüila, num eremitério rural, como penitente e guia de outras penitentes.
Seguindo a prudente orientação do franciscano Rogério, essa comunidade de Filipa Maréri, que a princípio não apresentava uma característica bem definida, veio a adotar a Regra da II segunda ordem franciscana, que o próprio São Francisco sugeria para Santa Clara e suas irmãs, e já começava a produzir copiosos frutos espirituais. Vinculada ao franciscano de Tódi por uma afetuosa devoção, Filipa progrediu imenso na perfeição. E quando sentiu a proximidade da morte, pediu para ele lhe assistir e a confortar. E no elogio fúnebre, foi por ele proclamada e invocada com uma santa.
Rogério pouco tempo sobreviveu à sua filha espiritual. Regressou a Tódi, onde a sua santidade começava a traduzir-se em milagres. Meditava com frequência no nascimento de Jesus, que lhe aparecia em forma de criança, deixando-se receber e acarinhar nos seus braços. Uma paralítica, depois de receber a sua bênção, voltou a poder andar. Uma doente mental, que se descontrolava e descompunha, ficou perfeitamente curada ao simples contado da sua mão. A 5 de janeiro de 1237 chamou Deus ao prêmio eterno esse seu servo bom e fiel. Foi beatificado por Gregório IX, que o conheceu pessoalmente.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Religioso da Primeira Ordem (1613-1670). Canonizado por João XXIII, em 12 de abril de 1959.
Chama-se João Carlos Melchior. Nasceu em Sécia (Sezze Romano), na Lázio, a 19 de outubro de 1613 e aí passou a sua juventude. Fez-se frade menor aos 22 anos. Viveu em vários conventos da Lázio, permanecendo sempre irmão não clérigo, servindo como esmoler, hortelão, cozinheiro e sacristão. Desejou ser missionário na Índia, mas não chegou a partir. Os últimos anos foram passados em São Francisco de Ripa. Era irmão mais humilde, mas o primeiro na obediência, na castidade e na pobreza.
Partilhou com os outros a alegria franciscana através da poesia popular, com muita sensibilidade e estilo popular da Lázio. Como poeta que exprimia a plenitude do amor divino, pode-se considerar herdeiro de Jacopone de Todi. Como “escritor sem letras”, como a si mesmo se designava, escreveu muitas obras, nem todas as publicadas. Entre as que estão publicadas, contam-se: “As três vias”, O semana sagrada”, “Os discursos sobre a vida de Jesus” e a sua “Autobiografia” que escreveu em obediência ao seu confessor.
Em outubro de 1648, enquanto orava na igreja de São José de Capo Le Gase, o seu coração foi traspassado por um dardo de luz vindo da Sagrada Hóstia, que o marcou com uma chaga para toda a vida. A chama do amor de Deus e dos irmãos elevou-o a uma alta sabedoria. Foi objetivo de sua vida oferecer-se a Deus em holocausto puro e perfeito, na humildade, na penitência, na devoção ardente à Paixão de Cristo, à Eucaristia e à Virgem Imaculada. Deus reservou-lhe dons extraordinários: visões e revelações, conhecimento das verdades teológicas e ascéticas e um amor ardente. O segredo da sua santidade esteve na oração e na penitência austera, no esforço permanente de viver unido a Jesus na paixão e na morte redentora.
Durante muitos anos, na sua qualidade de esmoler, andando de porta em porta, por Roma, procurando almas, anunciou-lhes a mensagem alegre do Evangelho, levando-as ao caminho de Deus. Faleceu a 6 de janeiro de 1670.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Bispo da Primeira Ordem (1380-1451). O seu culto foi aprovado por Clemente XIII em em 22 de fevereiro de 1767.
Mateus de Gallo Cimarra, de pais espanhóis, nasceu em Agrigento (Sicília), no mesmo ano que São Bernardino de Sena: 1380. Iniciado pela mãe nas virtudes cristãs da fé, bondade, pureza e temor de Deus, o jovem correspondeu generosamente aos desvelos maternos. Aos 18 anos ingressou na ordem franciscana. Na Espanha doutorou-se em filosofia e teologia; foi ordenado sacerdote em 1403; e durante quatro anos lecionou aos irmãos.
Quando São Bernardino de Sena iniciava na Itália seu apostolado, Mateus foi ter com ele, e por ele foi acolhido como companheiro de pregação. Trabalharam juntos durante uns 15 anos na difusão do culto do SS. Nome de Jesus e da devoção à Virgem Maria, empenhando-se ainda em restituir à ordem franciscana o ideal primitivo. Edificou muitos conventos e centros de espiritualidade franciscana. Em 1443 foi eleito ministro provincial da Sicília, onde já havia 50 conventos, 38 dos quais dedicados a Santa Maria de Jesus.
Entusiasmado com a devoção ao Nome de Jesus, percorreu toda a Sicília a pregar o evangelho, a recordar aos sacerdotes a sua dignidade, a reavivar a fé do povo, a converter os pecadores – e Deus corrobava com milagres a sua pregação. Foi mestre e artífice de Santos, que foram também seus colaboradores, como os Beatos João de Palermo, Cristovão Giudici, Gandolfo de Agrigento, Arcângelo de Calatafimi, Lourenço de Palermo, e São Eustóquia de Messina.
São Bernardino de Sena fora acusado de heresia perante o papa Martinho V por pregar o culto ao nome de Jesus. O Beato Mateus, com São João de Capistrano, defenderam com energia o grande mestre, e venceram a causa.
Nomeado bispo de Agrigento por Eugênio IV, desenvolveu uma intensa atividade pastoral: reformou o rebanho, extirpou os abusos, restaurou a disciplina, destinou aos pobres as avultadas rendas da diocese, combateu a simonia. Foi injustamente acusado ao papa Eugênio IV, que o chamou e ouviu, e o declarou inocente. Após três anos de episcopado, renunciou à diocese e alcançou do papa autorização para regressar ao convento de Santa Maria de Jesus de Palermo. Aí viveu os últimos anos em silêncio e oração, dando exemplo admiráveis virtudes. A 7 de janeiro de 1451, com 71 anos, passou ao descanso eterno. A sua sepultura tornou-se célebre por freqüentes milagres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Mártir no Japão, sacerdote da Primeira Ordem (1567-1597). Canonizado por Pio IX, em 8 de junho de 1862. Celebração litúrgica a 5 de Fevereiro.
No dia 5 de fevereiro de 1597 morreu crucificado em Nagasáki, juntamente com 22 companheiros. Natural de Monterrey, na região da Galiza (Espanha), foi pelos pais enviado para a universidade de Salamanca, onde sobressaiu pela inteligência e pela candura.
Ainda muito jovem, abandonou tudo para se fazer irmão menor na província de Santiago de Compostela. No convento era por todos visto como um anjo de piedade e de inocência. Atingiu tão elevado grau de perfeição seráfica, que quando os irmãos, mais tarde, tiveram notícia do seu martírio, comentaram que ele tinha conquistado três coroas: a do martírio, a da santidade e a da inocência.
Do P. Ortiz, que já encaminhara para as missões das Filipinas 16 religiosos franciscanos, obteve o consentimento para se associar à expedição, embora na altura fosse apenas diácono. Foi ordenado sacerdote durante a permanência dos missionários no México. Terminados os estudos teológicos em Manila, tendo por mestre São Martinho da Ascensão, viajou para o Japão, onde o Senhor lhe reservava a palma do martírio.
Preso a 9 de dezembro em Osaca, foi levado com vários companheiros a Meaco, onde a 2 de janeiro a todos cortaram as orelhas esquerdas. Daí foram levados numa carroça, e expostos à irrisão de toda gente, até Nagasáki, onde foram crucificados a 5 de fevereiro de 1597.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Mártir no Japão. Clérigo da Primeira Ordem (1574-1597). Canonizado por Pio IX em 08 de junho de 1862.
Filipe de Jesus, nascido no México, era filho de Afonso Las Casas e Maria Martínez. Jovem de caráter fogoso, indisciplinado, indócil e brigão, disse um dia a mãe: “Ando a pensar em me fazer franciscano”. A mãe respondeu com uma gargalhada. “Não te rias – continuou o filho –; não tardará muito a veres-me vestido com o hábito franciscano”. Nesse mesmo ano entrou para o noviciado; porém passados poucos meses, regressou a casa. Os pais mandaram-no então para Manila, nas Filipinas, para se dedicar ao comércio. No seu estilo de vida doidivanas e esbanjador, conquistou muitos amigos; mas depressa perdeu a todos, quando se viu na miséria , sem um centavo. Essa circunstância levou-o a mudar de vida, e a pedir aos frades menores que o admitissem de novo na ordem. Conseguido esse intento, dedicou-se à oração, à penitência e à intimidade com Deus, numa vida edificante.
Os seus pais, que andavam a par de todas as peripécias do filho, pediram aos superiores que autorizassem Filipe a regressar ao México, a fim de terminar os estudos eclesiásticos e ser ordenado sacerdote. O pedido foi aceito, e ele embarcou em Manila, de regressou à pátria. Durante a viagem viu, do lado do Japão, formar-se uma cruz, inicialmente branca e rodeada dum clarão de luz, que pouco depois mudou de cor para vermelha, e em seguida foi ocultada por uma nuvem. Filipe teve então o pressentimento: “É esta a cruz que o Senhor me reserva no Japão”. Não tardou a desencadear-se uma furiosa tempestade que obrigou o capitão do navio a demandar um porto de abrigo no arquipélago japonês. Mas a nave foi capturada, e os passageiros feitos prisioneiros. Filipe foi enviado para o convento de Osaca. Daí o enviou São Pedro Batista para Meaco, a fim de ele se preparar para o sacerdócio, mas o Senhor iria coroá-lo antes com a palma do martírio. Em companhia de vários confrades e outros irmãos terceiros, foi preso e condenado à morte de cruz na colina de Nagasáki. Contava 23 anos. O México escolheu-o como padroeiro.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Eremita da Primeira Ordem (1443-1518). Aprouvou-lhe o culto Leão XIII em 24 de junho de 1880.
Gil nasceu em Lorenzana em 1443. Seus pais lhe formaram piedosamente. Desde jovem, sentiu-se atraído pela vida eremítica. Com oferendas recolhidas de esmolas, construiu um oratório dedicado a Santo Antônio de Pádua, onde passava longas horas em fervorosa oração, absorvido em profunda contemplação. O povo admirava suas virtudes e o tinha como a um santo.
Para fugir da veneração, o piedoso ermitão fez sua morada um pouco mais longe de Lorenzana, junto ao pequeno santuário de “Santa Maria do Céu”, onde o silêncio da solidão era a mais agradável permanência para uma alma sedenta unicamente de Deus. Ali renovou a vida dos antigos anacoretas: silêncio, trabalho, oração. Contentava-se com poucas horas de repouso sobre um duro estrado de arame. Os sentidos eram refreados e a alma alcançava o mais alto auge da contemplação. Mas, também esse eremitério era o lugar de frequentes peregrinações que perturbavam sua solidão. Decidiu então deixar este santuário e trabalhar colaborando com um colono que vivia junto ao convento franciscano de Lorenzana. Mais tarde, pediu e obteve o hábito franciscano, na qualidade de irmão. Sua norma de vida foi austera: cilícios e flagelos martirizavam seu corpo e seu alimento era um pouco de pão. Sua alma tinha o ardente desejo do céu, tinha frequentes arrebatamentos. Por algum tempo foi enviado ao convento de Potenza, onde conservou a mesma norma de vida.
O conde Carlos de Guevara viu um dia uma pomba pousar em sua cabeça, enquanto estava em êxtase. A uma mulher, que chorava pela longa ausência do marido, Gil lhe predisse o regresso. Uma senhora Masella Blasi de Lorenzana se curou completamente com o sinal da cruz feito em sua fronte pelo servo de Deus.
Era atormentado por espíritos malignos que o jogavam contra o chão. Às vezes os confrades ouviam os ruídos dessa insídia. Uma grave enfermidade o fez decair em pouco tempo. No leito de morte deu edificante exemplo aos confrades. Com grande devoção recebeu os últimos sacramentos. Morreu em 10 de janeiro de 1518, com 75 anos de idade. Deus o glorificou com numerosos milagres.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Sacerdote da Primeira Ordem (1655-1729). Canonizado por João Paulo II no dia 21 de novembro de 1999.
Francisco Antonio Placidi, assim foi batizado ao nascer em 04 de junho de 1655, na cidade de Cori, Itália. Tornou-se órfão dos pais aos catorze anos de idade, e, assim jovem, responsável pela família. Aos vinte e dois, com as duas irmãs bem encaminhadas e casadas dentro dos preceitos cristãos, ele entrou para a Ordem dos Frades Menores, no convento de Orvieto em 1677, tomando o nome de Frei Tomás.
Após cinco anos foi consagrado sacerdote, logo assumindo a condição de pregador na diocese em Subiaco, onde exerceu seu apostolado. Considerado grande professor de santidade, exímio diretor espiritual e incansável confessor, iniciava essa tarefa pela manhã terminando só à noite.
Frei Tomás de Cori foi imagem viva do Bom Pastor. Como guia amoroso, soube conduzir para as pastagens da fé os irmãos confiados aos seus cuidados, animado sempre pelo ideal franciscano.
No convento demonstrava o seu espírito de caridade, fazendo-se disponível a qualquer exigência, mesmo a mais humilde, sendo especialmente solicitado para atender os que estavam enfermos nos leitos. Ele, que durante quarenta anos, conviveu com uma ferida na perna, sem que fizesse uma única queixa ou fosse um motivo de impedimento para o exercício de suas funções e apostolado.
Como autêntico discípulo do Pobrezinho de Assis, Tomás de Cori foi obediente a Cristo. Meditou e encarnou na sua existência a exigência evangélica da pobreza e do dom de si a Deus e ao próximo. Contemplado pelo Espírito Santo com muitos dons, como o do conselho, cura, graças e prodígios, foi durante sua vida religiosa, “visitado” muitas vezes na Santa Missa, pelo Menino Jesus, a Virgem Maria e por São Francisco de Assis.
Entretanto seu nome está ligado à grande obra dos “Retiros” da Ordem Franciscana. Seguindo o exemplo do beato Boaventura de Barcelona, fundou os “retiros” de sua Ordem em Civetela e Palombara Sabina, ambos na Itália. As rígidas regras para as orações e vida religiosa se estenderam para todos os “Retiros” da sua Ordem em 1756, e se mantém até hoje na íntegra com a sua assinatura. Eles também serviram de base para os “retiros” de outras Ordens religiosas.
Toda a vida de Tomas de Cori se mostrou assim como sinal do Evangelho, testemunho do amor do Pai celeste, revelado em Cristo e operante no Espírito Santo, para a salvação do mundo. Ele que morreu no dia 11 de janeiro de 1729, foi beatificado em 1786 e canonizado pelo papa João Paulo II em 1999.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Fr. Giuliano Ferreni, OFM. Fr. José guilhermo Ramírez, OFM. Editorial Franciscana
Religioso da Primeira Ordem (1605-1667). Beatificado por Clemente XII no dia 15 de março de 1768 (Decreto de canonização julho 1/2000).
Bernardo nasceu na pequena cidade de Corleone, na Sicília, Itália, aos 6 de fevereiro de 1605 e recebeu o nome de Filipe Latino ao sper batizado. Seus pais tinham cinco filhos, e eram bastante respeitados por todos, pelos princípios rígidos morais e de cristandade, com um dos filhos sacerdote. Consta que seu pai era um sapateiro e curtidor de peles, muito justo, bondoso e caridoso, que acolhia em sua casa os necessitados, dando-lhes condições de banharem-se para depois alimentá-los e vesti-los. Foi nesse ambiente que o jovem Filipe, alto forte e de caráter violento, amante das lutas e armas, se desenvolveu.
Certo dia, ele foi provocado por um rapaz e num momento de ira, bruscamente com a espada arrancou o braço do agressor. Nesse momento, nasceu um novo homem que arrependido pediu perdão ao rapaz, atitude que foi aceita. Depois disso, os dois se tornaram amigos. Desde então modificou sua personalidade encontrando na vida religiosa sua verdadeira vocação, conforme a vontade de Deus, como disse até o momento de sua morte.
Ele deixou sua cidade natal e ingressou para o noviciado no convento de Caltanissetta em Palermo. Alí abraçou plenamente seu novo caminho tornando-se irmão leigo da Ordem terceira dos frades menores capuchinhos, no dia 13 de dezembro de 1631, adotando o nome de frei Bernardo.
Trabalhando como cozinheiro, viveu no mosteiro uma existência simples e humilde. Mas além dessa função, Bernardo se dedicava aos doentes como enfermeiro e tratava inclusive dos animais enfermos, pois na sua época eles eram muito úteis para a sobrevivência das famílias. Bernardo enriquecia ainda mais sua vida espiritual, fazendo penitências, mortificações e longos períodos de orações para o bem da comunidade, demonstrando assim sua personalidade forte, agora impregnada de um profundo amor por toda a humanidade.
Ele desenvolveu, uma forte paixão pela Eucaristia, que recebia todos dias. Quando se encontrava diante do Sacrário, concentrado em oração, o tempo, para ele, deixava de existir e não raro as pessoas se comoviam com a pureza de sua atitude. Além disso, ajudava o sacristão em suas tarefas diárias, para ficar ainda mais perto de Jesus Eucarístico.
Bernardo era muito solidário com seus companheiros frades e com toda a comunidade. Assim, quando ocorria uma catástrofe na cidade, como um terremoto ou furacão, típicos da região, Bernardo ajoelhava-se orando em penitência diante do Sacrário dizendo essas palavras: “Senhor, desejo essa graça!”. O resultado sempre era favorável, pois as calamidades cessavam, poupando uma desgraça maior.
A sua simplicidade se assemelhava aos primeiros e genuínos capuchinhos, nostálgico das origens e fascinado pela experiência da vida de ermitão. Um grande júbilo acompanhava esta sua devoção mariana, cheia de calor, fantasia e festividade, de fato contagiante. O seu amor a Nossa Senhora era incontestável e sublime.
Bernardo, comovia não só por sua extraordinária penitência. Mas porque tinha grande delicadeza e doçura na atenção para com os outros, uma alegria e plenitude de vida que impressionava. Aos frades forasteiros fazia festa, para os pobres estava sempre disponível e para os doentes tinha um coração materno. Assistir-lhes e servir-lhes era a sua felicidade.
Após trinta e cinco anos de vida religiosa, faleceu no dia 12 de janeiro de 1667, em Palermo, onde seus restos mortais repousam na igreja dos Capuchinhos, dessa cidade na Sicília, Itália. Tinha 62 anos de idade. O Papa Clemente XIII o elevou ao altar da Igreja como Beato em 1768. Mais tarde, o Papa João Paulo II declarou São Frei Bernardo de Corleone em 2001.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Mártires em Marrocos (+1220). Canonizados por Sixto IV em 7 de agosto de 1481.
Berardo, sacerdote da Primeira Ordem, foi ótimo pregador e conhecedor da língua árabe, e seus companheiros Pedro e Oto foram sacerdotes, enquanto Acursio e Adjuto, clérigos. Todos deram a vida por Cristo em Marrakesch, em 16 de janeiro de 1220.
O bem-aventurado Francisco, movido pela inspiração divina, escolheu seis de seus filhos e os enviou a pregar a fé católica entre os infiéis. Puseram-se a caminho pela Espanha e chegando ao reino de Aragão, Frei Vidal ficou doente, os cinco dispuseram a levar avante o trabalho. Foram a Coimbra e dali para Sevilha.
Um dia, confortados espiritualmente saíram com o propósito de visitar a mesquita principal, mas os sarracenos os impediram, empurrando-os com força, gritos e golpes. Foram depois conduzidos ao palácio do soberano, diante do qual disseram ser os mensageiros do Rei dos reis, Cristo Jesus. Fizeram uma exposição das principais verdades da fé católica e animaram os ouvintes a se batizarem. O rei, enfurecido por essa ousadia, mandou que fossem decapitados imediatamente. Mas o Conselho presente ali, sugeriu ao rei que suspendesse a sentença, mandando-os irem a Marrocos em conformidade com o desejo deles. Em Marrocos, sem perderem tempo, pregaram o evangelho. A notícia chegou até o Sultão que pediu a prisão deles.
Aí permaneceram vinte dias sem comida nem bebida, confortados apenas com a refeição espiritual. Acabado o tempo da reclusão, depois de interrogados, seguiram firmes na decisão de continuar na fidelidade à religião católica. Encolerizado, o Sultão mandou que fossem açoitados e separados uns dos outros em diversas prisões e submetidos às grandes torturas. Os policiais, após algemar os santos homens, ataram seus pés e com cordas ao redor do pescoço, arrastaram-nos com tanta violência, que quase saíram suas entranhas pelas feridas abertas em seus corpos; sobre as feridas derramaram óleo e vinagre quente. A noite toda durou esse tormento, sob a guarda de trinta sarracenos, que os flagelavam sem nenhuma consideração.
Chamados pelo Sultão, ficaram semidesnudados e descalços. O interrogatório foi repetido com as mesmas respostas, o soberano mudou de tática trazendo belas mulheres. Estas os convidavam a participar da religião maometana, as quais seriam suas próprias esposas e seriam honrados por todos no reino. A contestação foi unânime: “Não queremos, mulheres, nem dinheiro, nem honras; renunciamos a tudo isso por amor a Cristo”. Oto disse: “Não tentes mais os servos de Deus; crês que com tuas promessas vais fraquejar a nossa vontade? Não sabes que Deus vela continuamente sobre nós? Nós somos soldados intrépidos de Cristo! Nosso sangue derramado por uma causa santa e nobre, fará germinar novos cristãos”. O rei encolerizado empunhou a espada e um por um abriu uma brecha na cabeça, e logo, com sua própria mão cravou na garganta três flechadas.
Assim, morreram aos 16 de janeiro de 1220. Seus restos mortais foram transladados para Coimbra. Repousam num monumento e são venerados pelos fiéis, alcançando-lhes abundantes graças. A expedição iniciada por eles a Marrocos deu início à carreira missionária da Ordem ao longo dos séculos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.