Nos primeiros meses de quarentena surgiu a preocupação de como seriam realizados os encontros vocacionais, já que é a partir destes encontros que os jovens são selecionados para a experiência do aspirantado. Já em abril aconteceu o primeiro encontro vocacional online. De lá para cá, os frades selecionaram e acompanharam 12 jovens que ingressaram no convento São Francisco de Assis, em Penápolis, para a etapa do aspirantado. O retiro de ingresso destes jovens foi oferecido pelo Frei Francisco Erlânio entre os dias 17 e 21 de setembro, com o tema “O Tesouro Escondido da Vida em Fraternidade”.
Alguns dias antes do ingresso no convento, conversamos com os jovens. A gente observa que o acompanhamento vocacional neste ano foi um processo complexo, tanto para os frades (que precisaram se adaptar às tecnologias para acompanhar os jovens) quanto para os jovens vocacionados. “O carisma franciscano é muito sobre a proximidade, a convivência fraterna. Eu já participei de outros encontros presenciais e senti a diferença destes encontros online”, disse o aspirante Francisco. Por outro lado, complementou: “antes o encontro acontecia com uma periodicidade bem menor, com meses de diferença. Dessa vez nos encontrávamos todos os domingos”, concluiu.
O ingresso ao aspirantado é um momento muito aguardado, de expectativas, renúncias… entre os jovens, a incerteza de como será a convivência com os frades na fraternidade e com os outros aspirantes. Dessa vez, isso parece não ser um problema tão grande… o aspirante Victor disse que os 12 têm convivido há alguns meses, com encontros virtuais diários: “rezamos o terço quase todos os dias. Temos até um podcast onde compartilhamos as nossas histórias. Sem dúvidas já estamos bem entrosados”, disse. A pandemia possibilitou mais tempo para que todos se prepararem melhor.
Diferente de anos passados, onde a realidade das famílias brasileiras era a presença de 3 ou mais filhos, hoje, segundo o IBGE, no país há menos de 2 filhos por mãe. A experiência de fraternidade fica ainda mais interessante quando pensamos que os jovens que ingressam ao aspirantado têm, em geral, menos de 2 irmãos, ou seja, são rapazes acostumados a viver em famílias menores, com menos irmãos. Entrar no convento para morar com mais de 12 já é um choque por si só, “ou vai ser fantástico, ou vai ser um caos”, brincou um deles. Para Daniel, que já fez acompanhamento em Diocese: “vai ser caótico pois cada um tem o seu próprio jeito, a sua mania”, comentou.
Desta leva de jovens, dois são provenientes de igrejas dos capuchinhos. Um vem da capital, da paróquia Imaculada Conceição (em São Paulo), e outro da fraternidade de Penápolis. Outro jovem vem da região do ABC, não de nossa igreja na Vila Alpina, mas da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, onde os capuchinhos estiveram presentes em anos passados (no município de Diadema).
Como antes, não sabemos qual será o destino desses irmãos que chegam na Ordem, mas certamente sabemos que eles já fazem história entre nós: a primeira turma que ingressou ao convento vindos de um acompanhamento 100% online. Tendência ou ajuste temporário? Só o tempo irá dizer!
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Paulo Henrique (Assessoria de Comunicação e Imprensa, São Paulo - SP)