Irmãos da Etapa Inicial realizam encontro em Valadares

Os irmãos da etapa inicial se reuniram entre os dias 6 e 12 de julho para a realização do Encontro de Formandos. O tema discutido foi "Perspectivas Vocacionais no chão da nossa história".

No decorrer do caminhar de um Frade Menor Capuchinho são vivenciadas várias etapas de vida. As etapas são divididas em 4 partes. São elas: Postulado, Noviciado, Pós-Noviciado e Formação Permanente. As três primeiras são chamadas de formação inicial.

Na formação inicial nós irmãos, entre tantas coisas, realizamos um encontro anual para partilhar nossas experiências de vida, confraternizarmos e refletirmos sobre algum tema pertinente à nossa vida de menores. Esse encontro é chamado de Encontro de Formandos da Etapa Inicial (EFEI).

Nesse ano, o encontro aconteceu na cidade de Governador Valadares. Na perspectiva de revisitar a nossa história, acreditamos que o leste mineiro seja um bom lugar para ter uma maior visão das diferentes formas de atuação dos frades que por ali passaram. Vale ressaltar que o leste mineiro contou com a presença dos franciscanos capuchinhos desde o século XVIII com os frades ambulantes.

Os últimos encontros de formação foram permeados pelo desejo de aprofundar em nosso carisma e missão, partindo da nossa realidade mineira. A escolha de Governador Valadares para realização do encontro partiu da perspectiva de entendemos que o resgate da nossa história pode nos ajudar na compreensão das problemáticas atuais, colaborando na transformação dos nossos trabalhos e missões. Buscamos permanecer fieis a nossa espiritualidade de menores, numa contemporaneidade que, por vezes, desconhece os valores e virtudes para uma sociedade mais fraterna e humana.

Nesse sentido, nós, irmãos da Etapa Inicial, realizamos uma missão em algumas comunidades da Paróquia Santa Rita, sendo elas: Nova Floresta (Paca), Baguari, Ilha Brava e Jacarandá. No decorrer do encontro tivemos a presença e testemunho de frei João Guido que partilhou conosco da sua vocação e apostolado no leste de Minas. Ele residiu na fraternidade de Valadares no início dos anos 70 e no período de 1985-1996, voltando, novamente nesta fraternidade a partir de 2011. Na região, frei Guido se dedicou ao atendimento das comunidades rurais, extrapolando, inclusive, as delimitações da paróquia Santa Rita.

No que compete a formação histórica, também recebemos o seminarista Theófilo Gonçalves de Paula, da diocese de Governadores Valadares, que partilhou um pouco da sua pesquisa sobre a presença dos capuchinhos na região do médio Rio Doce. Ele publicou em 2018 no site diocesano o artigo: “Um tempo: tributo aos missionários capuchinhos”, no qual aponta para a presença de frades na região a partir da segunda metade do século XIX e início do século XX. No período imperial, os capuchinhos fundaram aldeamentos para a catequização e escolarização indígena.

Tratando-se de um olhar peculiar para a nossa formação, recebemos frei Carlos Tavares que partilhou conosco sobre as “Perspectivas vocacionais no chão da nossa história”. O chamado vocacional não é somente um dom de Deus, mas um despertar da nossa vontade. 

Recentemente a Ordem nos apresentou uma "Ratio Formationis" que tem a finalidade de fortalecer, ao longo de todo processo formativo, a nossa identidade carismática. Nessa perspectiva, frei João Jr. foi convidado para partilhar conosco sobre a natureza de uma ratio, o processo de construção do texto, os desafios e perspectivas, enfatizando o proprium, isto é, aquelas práticas e costumes que mais essencialmente revela algo de nosso carisma capuchinho, mesmo em contextos diversos das circunscrições. Explicou-nos a pedagogia da iniciação, presente no texto, como um caminho dialógico e relacional entre formando e formador. Entre tantas coisas, ressaltou algumas terminologias referentes aos votos, tais como a liberdade - expressão da obediência e apoiada na bem-aventurança “bem-aventurados os humildes”. O amor expressa a castidade e está manifesto nos dizeres “bem-aventurados os puros de coração”. E a justiça como expressão da pobreza – “bem-aventurados os pobres no espírito”. Após estas preliminares, abordou uma síntese dos três capítulos e anexos.

Ainda sobre a "Ratio Formationis" enfatizamos “As dimensões formativas em perspectiva franciscano-capuchinha”, foi apresentada as dimensões humana, espiritual, intelectual e missionária, transversalmente atrelada à dimensão carismática, marcada pelos dons da fraternidade, minoridade, contemplação e missão. Ele destacou o carisma como traço fundante da nossa formação franciscana: na dimensão humana expressada em fraternidade; na dimensão espiritual expressa no seguimento; na dimensão intelectual expressa no intelectum amoris e na dimensão missionário-pastoral expresso numa vida fraterna que não se fecha em si mesma. 

Além da missão, estudo histórico, partilhas e formações, o encontro ainda contou com uma confraternização junto à fraternidade Santa Rita que acolheu todo o encontro. Somos muito gratos por todo o carinho e respeito da fraternidade composta por frei Adilson Gonçalves, frei João Guido, frei Heuser Perdomo e frei Jairton Pimenta que preparou todo o ambiente e colaborou para que o encontro fosse bem desenvolvido na fraternidade.

A edição do EFEI desse ano teve a participação dos pós-noviços: frei Warley Alves de Oliveira, frei Douglas Leandro de Oliveira, frei Davy José Pereira, frei Thiago Emanuel Assunção Jordão, frei Thiago Colares Macedo, frei Marco Túlio Alves da Silva, frei Érik Mateus Martins Silva, frei Flávio Oliveira Silva, frei André Henrique Martins Marciano; e dos postulantes: Fernando Carlos Alves, André do Carmo Otoni, Adriano César de Oliveira e Hugo Neves Ferreira.

Por fim, fica aqui toda a nossa gratidão aos irmãos envolvidos na realização desse encontro e mais uma vez o nosso muito obrigado a fraternidade Santa Rita e ao Governo Provincial pela colaboração, incentivo e apoio a tão importante encontro.