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Crime, tristeza e indignação” presenciam capuchinhos em Brumadinho

08/02/2019 - 18h34
Os Capuchinhos estiveram presentes em vários locais afetados pela lama

Na semana seguinte à tragédia/crime com o rompimento da barragem de rejeitos da Vale S.A, em Brumadinho (Minas Gerais), alguns frades capuchinhos, estiveram presentes em vários locais afetados e com mobilizações em Brumadinho. Em nome da Comissão de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) dos capuchinhos do Brasil, os frades puderam presenciar a profunda tristeza de centenas de famílias que tiveram seus entes queridos ceifados pelas irresponsabilidades da Vale S.A, que atua com lucro de bilhões de dólares.

Assim como no Rio Doce em 2015, o rio Paraopeba, um dos maiores de Minas Gerais, já foi contaminado em grande parte. A indignaçãocresce ainda mais diante desta empresa, dado que é sabido de todos os riscos altos de centenas de barragens de rejeitos de minério presentes em Minas Gerais e em muitos locais do Brasil. A população está indignada com os altíssimos lucros para poucos empresários, enquanto os altos prejuízos e tragédias são socializados para o povo, com a ausência de investimentos mínimos para se evitar o rompimento de barragens como esta, e como ocorrido três anos atrás pela Samarco/Vale/BHP em Mariana.

Além da perda material muito grande: casas, sítios, animais, plantações foram contaminados e varridos pela lama. O óbito de centenas de trabalhadores da própria empresa e de sitiantes do entorno fez dessa fatalidade a pior das últimas décadas em perdas humanas. Na missa de 7º dia, presidida pelo arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor, ele enfatizou várias vezes esta tragédia do rompimento da barragem da Vale como “crime, injustiça e descaso presentes nesta empresa. Ressaltou também que isto se deve, nas palavras do Papa Francisco, à “idolatria do dinheiro” pelas grandes corporações em detrimento do cuidado com a vida humana e da criação.

A Comissão JPIC acompanha este crime trágico em parceria com outras organizações sociais, como o Movimento de Atingidos por Barragens, e organizações eclesiais, como a Comissão Pastoral da Terra, Sinfrajupe, Igreja e Mineração, entre outros. Há ainda temor de que esta lama possa chegar ao rio São Francisco, com consequências incomensuráveis, haja vista o rio perpassar vários estados brasileiros e é fonte de sustento para milhões de pessoas.

Indignados ainda com as informações de apenas 3 fiscais para mais de 400 barragens de rejeitos no estado de Minas Gerais, das quais muitas em graves risco de rompimento, além das denúncias de diversos funcionários, organizações e da população sobre o amplo conhecimento da empresa de todos estes riscos e sua grande indiferença diante de tais possibilidades, parecendo-lhe ser mais lucrativo não investir na segurança mínima da população ao redor destas barragens.

Relato feito por

Frei Douglas Leandro – MG, Frei Marcelo Toyansk – SP e Frei Warley Alves – MG estiveram presentes no local. A Fraternidade dos Capuchinhos mais próxima de Brumadinho fica a 44km do local do rompimento da Barragem. Frei Marcelo é coordenador da comissão JPIC da CCB os frades Douglas e Warley são residentes na fraternidade de Juatuba.

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Frei Douglas Leandro de Oliveira (Cúria MG)

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