São Nicolau Tavelic e companheiros (1340 -1391) Presbíteros e mártires da Primeira Ordem.
Nicolau nasceu em Sebenic pelo ano de 1340. Exerceu primeiramente o ministério de pregador, na Bósnia, com seu confrade Deodato e, depois, em 1384, partiu com ele para a Palestina. Lá, com outros dois confrades, Pedro e Estevão, prepararam uma exposição apologética sobre a fé cristã, e, fortalecidos pela oração, proferiram-na diante do Juiz Mulçumano de Jerusalém. Mandados retratar o que haviam dito, com decisão se recusaram: pelo que foram postos na prisão e condenados à morte. Seus corpos, retalhados, foram lançados ao fogo em novembro de 1391, em Jerusalém.
Ó Deus, que glorificastes São Nicolau e seus companheiros pelo zelo na propagação da fé e a palma do martírio, concedei-nos, por seu exemplo e intercessão, seguir o caminho dos vossos mandamentos, para que mereçamos receber o prêmio da vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Viúva da Terceira Ordem (1207-1231). Canonizada por Gregório IX no dia 27 de maio de 1235.
Esta Santa do século XIII, padroeira da Ordem Terceira Franciscana, consumou a curta vida na prática do bem, deixando atrás de si uma esteira luminosa de amor, exemplo que a cristandade jamais esqueceu.
Isabel era uma princesa, filha do rei André da Hungria e sua esposa Gertrudes. Nascida em 1207, quando ainda era criança foi dada por esposa a Luís, conde da Turíngia, em cujo palácio cresceu no amor de Deus e do próximo. Passava noites inteiras em oração, e os dias a visitar doentes e socorrer os necessitados. Mas a sua grandeza da alma brilhou, sobretudo, após a morte do esposo, que se inscrevera numa cruzada, pois a família do defunto despojou-a de todos os bens e pô-la na rua com os filhos. Assim, aquela que tinha ajudado tanta gente e construíra hospitais para os súditos, viu-se forçada a procurar abrigo num estábulo de animais. No entanto, não queixou dessa tremenda injustiça: Pelo contrário, dirigiu-se a uma igreja dos Frades Menores e pediu para cantarem um Te Deum em ação de graças, por o Senhor a ter assemelhado a si na pobreza. Vestiu o hábito da Ordem Terceira e recebeu de São Francisco o próprio manto como prenda.
Quando mais tarde a justiça lhe repôs os direitos usurpados, que ela reivindicou para os filhos, não mudou de vida: continuou sempre a trabalhar com suas próprias mãos para ajudar os pobres. Com frequência recebia visitas do Senhor na oração.
Nos curtos 24 anos da vida terrena, Santa Isabel experimentou riqueza e miséria, honras e desprezo, e santificou todas as condições de vida duma mulher: extremamente religiosa desde a juventude, esposa afetuosa, mãe carinhosa de três filhos, senhora empenhada no bem do seu povo, viúva precoce espoliada de todos os bens, com três filhos famintos a sustentar e a educar, e em todas as circunstâncias irradiava alegria divina, porque sempre e em tudo se sentia amparada pelo amor de Deus. E o Senhor não a abandonou: os filhos foram reconhecidos como príncipes herdeiros. Para si mesma conservou apenas o tesouro inestimável da pobreza franciscana, que lhe tinha revelado a doçura de Deus.
A faceta mais característica da sua vida é a caridade para com os pobres, a quem ajudava com régia generosidade e visitava nas barracas onde viviam. É célebre o episódio do seu marido, Luís, que cruzou com a esposa quando ela levava escondidas, debaixo da capa, provisões para alguns pobres. Perguntando-lhe ele o que levava escondido, ela simplesmente levantou a capa, e apareceu um belo buquê de rosas, apesar de estar em pleno inverno. Outra vez foi um leproso a quem ela tinha lavado os pés e dado de comer, e depois deixara dormir no seu próprio leito. Quando o marido regressou e soube do caso, ficou indignado e quis ver quem era esse leproso que se tinha enfiado na sua própria cama. Qual não foi o seu espanto quando ao abrir a porta viu o próprio Cristo num nimbo de luz, que logo desapareceu e deixou radiante os dois cônjuges.
Morreu aos 24 anos, a 17 de novembro de 1231, e foi sepultada em Marbugo no dia 19 do mesmo mês.
Ó Deus, que destes a Santa Isabel da Hungria reconhecer e venerar o Cristo nos pobres, concedei-nos, por sua intercessão, servir os pobres e aflitos com incansável caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem da Segunda Ordem (1198-1253). Bento XIV, no dia 15 de abril de 1762, concedeu ofício e Missa em sua honra.
Inês era irmã de Clara, mais nova do que ela, nascida em Assis em 1198. Em princípios de abril de 1212 foi juntar-se à irmã, que quinze dias antes tinha fugido da casa paterna para abraçar o ideal franciscano e se recolher no mosteiro de Santo Ângelo, nas faldas do Subásio, perto de Assis. Os parentes, exasperados com semelhantes gestos, que consideravam um segundo atentado contra o bom nome da família, serviram-se de todos os recursos para tentarem impedi-la de realizar os seus intentos, sem excluírem mesmo a violência física: Inês chegou a ser brutalmente ferida pelo seu tio Monaldo, que teve o atrevimento de violar a clausura e a tranquilidade do mosteiro. Porém, nem mesmo a força bruta conseguiu fazer vergar a jovem. Foi São Francisco quem sugeriu para a nova consagrada o nome de Inês, porque, pela fortaleza de que dera provas, esta jovem de 15 anos recordava a valentia da mártir romana Santa Inês.
Em 1212 São Francisco trouxe as duas irmãs para São Damião. Em 1220 Inês foi enviada para Florença, como abadessa do mosteiro de Monticelli, fundado no ano anterior. Mas muitos outros mosteiros de Clarissas se orgulham de ter hospedado a santa. Mais tarde regressou a São Damião, onde foi agraciada com uma aparição do Menino Jesus, por isso se representa por vezes Santa Inês com o menino Jesus nos braços. Em Assis Inês assistiu à morte da irmã Clara no dia 12 de agosto de 1253.
No coro do pobrezinho convento de São Damião ainda se podem ler os nomes das primeiras companheiras que seguiram as pegadas de Santa Clara e São Francisco pelo caminho da renúncia total e absoluta pobreza. São conhecidos nomes de senhoras e jovens de Assis que em São Damião tiveram o seu primeiro ninho: Hortolana, Inês, Beatriz, Pacífica, Benvinda, Cristiana, Amada, Iluminada, Consolada… Os três primeiros nomes pertencem a mulheres da família de Santa Clara: Hortolana era a sua mãe, e Inês e Beatriz eram suas irmãs.
Inês foi a primeira a seguir o exemplo da irmã Clara, quinze dias depois dela, pouco depois veio a outra irmã, Beatriz, e por fim a mãe Hortolona. Inês, além de ter sido a primeira, também foi a que mais fielmente seguiu a irmã, vivendo à sua sombra luminosa, sempre delicada e obediente, duma firmeza de caráter excepcional, quase viril, em especial na observância da pobreza. Como superiora foi terna e caridosa, mas inflexível e tenaz. Depois do regresso a São Damião, morreu serenamente três meses depois da irmã Santa Clara, a 16 de novembro de 1253, com 55 anos de idade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Terceira Ordem (1842-1915). Fundador dos Servos da caridade e das Filhas de Santa Maria da Providência. Beatificado por Paulo VI no dia 25 de outubro de 1964.
Natural duma povoação italiana dos Alpes Bergamascos foi o nono dos treze filhos de uma piedosa família, que desde a infância lhe incutiu uma fé viva e operante, um constante amor ao trabalho e uma terna caridade para com os pobres.
Passada a infância entre os montes que sempre recordou com saudade, frequentou primeiro o Colégio Gálio em Como, e depois, para os estudos eclesiásticos, os seminários diocesanos. Em todos esses centros de estudo se salientou pela piedade, amabilidade e aproveitamento nas disciplinas escolares.
Ordenado sacerdote em 1868, foi em várias freguesias pároco e ao mesmo tempo mestre-escola, pois tinha diploma de professor chegando mesmo a construir uma escola primária. Além disso, tomou iniciativas benéficas em favor dos pobres, e organizou a Ação Católica Juvenil, recentemente fundada. Em 1875 foi a Turim encontrar-se com João Bosco, de quem aprendeu o caminho da santidade e o método pedagógico. Vinculou-se então com votos religiosos à Sociedade Salesiana. Mas em 1878 foi chamado pelo bispo à sua diocese, para ser novamente nomeado pároco. Foi nessas circunstâncias que soou para ele a hora da graça, com a primeira fundação das obras de há muito sonhadas em favor dos pobres abandonados.
Como vários santos sacerdotes do seu tempo, por exemplo, João Bosco, José Cafasso, José Bento Cotolengo e outros, também ele fundou várias obras de beneficência, que rapidamente floresceram devido à dedicação e às qualidades pedagógicas dos seus colaboradores.
Devoto e admirador de São Francisco de Assis, ingressou na Ordem Terceira. Da vida do pobrezinho assumiu o espírito de pobreza e de perfeita alegria, de grande confiança em Deus e continuar a obra fundou duas congregações religiosas: os Servos da Caridade (Guanelianos) e as Filhas de Santa Maria da Providência (Guanelianas). A obra desenvolveu-se admiravelmente tanto na Itália como no estrangeiro. A pia união do Trânsito de São José, por ele iniciada em Roma, conta hoje com mais de dez milhões de membros.
Numa época de exacerbado anticlericalismo, as autoridades laicas não viram com bons olhos essas obras, e ele foi alvos de injustiças e perseguições, mas tudo venceu com a força da fé e o fogo da caridade. Foi à América acompanhado de emigrantes, e muito trabalhou para a assistência religiosa aos mesmos. Para instruir a juventude abriu escolas de iniciação e oratórios. Para assistir às vítimas de terremotos, não poupou energias nem meios materiais.
Em Como, no dia 24 de outubro de 1915, aos 73 anos, concluiu a sua atividade terrena este herói da caridade. O seu corpo venera-se no santuário do Sagrado Coração, em Como.
Foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 23 de outubro de 2011.
Oh, bem-aventurado Luís Guanella, fundador dos servos da caridade. Com sua dedicação e perseverança no serviço aos pobres conseguiste dar passos largos na via da santidade. Conserva-nos também no amor aos nossos irmãozinhos mais débeis, pobres e fracos na fé. Ensina-nos a dedicação e fazer nossa parte nas obras de misericórdias corporais e espirituais. Amém.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Total de membros das ordens franciscanas canonizados e beatificados, no fim do milênio, 482.
No aniversário da aprovação da regra de São Francisco por Honório III, no dia 29 de novembro de 1223. A ordem franciscana recolhe-se em oração festiva para contemplar a grandiosa árvore de santidade nascida daquele livrinho que Francisco dizia ter recebido do próprio Jesus e constituía a “medula do Evangelho”.
Era esse precisamente o projeto de vida e o carisma do pobrezinho: ser sal da terra e luz do mundo, fazer reviver na Igreja o Evangelho em sua pureza, ou seja, apresentar perante os homens a vida de Cristo em todas as suas dimensões: desde a pobreza ao zelo pela salvação de todos, do anúncio da Boa Nova ao sacrifício da cruz.
Quem poderia contar a imensa multidão de Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus – se quisermos utilizar esta terminologia canônica – ou melhor ainda, de todos os irmãos e irmãs, sem nome e sem rosto, que nos limites da sua fragilidade viveram a perfeição evangélica, fazendo da regra franciscana a norma da sua vida? É um imenso capital de santidade e de amor, muitas vezes desconhecido, outras vezes esquecido, quando não mesmo desprezado pelo mundo! O bem dá menos nas vistas do que o mal; no entanto, a história do bem, tantas vezes anônima e despercebida, tem escrito o nome e o rosto de Cristo. É essa história que impede o mundo de cair no desespero e fecunda as atividades da Igreja.
São Francisco disse um dia aos irmãos, numa explosão de alegria: “Caríssimos, consolai-vos e alegrai-vos no Senhor! Não vos deixeis entristecer pelo fato de serem poucos, nem vos assusteis da minha simplicidade nem da vossa, pois o Senhor me revelou que há de fazer de nós uma inumerável multidão e nos propagará até os confins do mundo. Ele me mostrou um grande número de pessoas a vir ter conosco, com o desejo de viverem segundo a nossa regra. Ainda me parece ouvir o ruído dos seus passos! Enchiam diversos caminhos, vindos de todas as nações: eram franceses, espanhóis, alemães, ingleses, uma turba imensa de várias outras línguas e nações”.
Ao ouvirem estas palavras, uma santa alegria se apoderou dos irmãos, pela graça que Deus concedia ao seu Santo.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.