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24/03/2024

Bem-aventurado Diogo José de Cádiz - Capuchinho

Sacerdote da Primeira Ordem (1743-1801) foi beatificado por Leão XIII em 23 de abril de 1894.

 

Nasceu em Cádiz a 30 de março de 1743, filho de José Lopes Caamaño, galego e de Garcia Pérez, andaluza. Viveu a sua meninice em Ubrique, onde estudou as primeiras letras, passando logo ao colégio dos dominicanos de Ronda para iniciar o curso de humanidades e filosofia, onde não teve grandes êxitos escolares. Aos quinze anos solicitou a entrada na Ordem aos capuchinhos de Ubrique. O seu pedido foi aceito. Vestiu o hábito em Sevilha no dia 12 de novembro de 1757, recebendo o nome de frei Diogo José de Cádiz.

Durante o noviciado deu mostras de grande fervor que diminui durantes os estudos de filosofia. Ao começar o segundo curso de teologia, deu-se nele uma rápida transformação espiritual. Por obra da graça, impôs-se a sim mesmo um método de vida de grande perfeição, patente na sua extraordinária vida interior. Foi ordenado sacerdote em Carmona (Sevilha). Pouco depois foi destinado a Ubrique onde começou a pregar os primeiros sermões, dirigidos especialmente à reforma dos costumes, à reconciliação dos inimigos e a combater aos erros do seu tempo. Estava convencido da sua missão apostólica providencial, servindo-se de duas armas eficazes: uma vida santa e uma sólida e ampla formação intelectual. Considera como fundamento e bases de todo o seu apostolado, o estudo, a oração e a penitência. 

A partir de 1771 dedica-se por completo às missões populares. A primeira foi em Estepona (Málaga), seguindo-se outras em Castela, Madri, Navarra, Aragão, Catalunha, Valencia e Murcia. Era reclamado por toda a Espanha. A sua reputação de homem de Deus e varão apostólico estendeu-se por toda a geografia espanhola. As suas pregações eram acompanhadas de forte comoção popular trazendo consigo uma profunda renovação da vida religiosa e moral, com repercussões na vida pública. Muitas vezes teve de pregar nas praças públicas, devido grandes multidões que não cabiam nas igrejas. No dizer de Menéndez y Playo, Frei Diogo é a figura mais representativa da oratória religiosa espanhola depois de São Vicente Ferrer e de São João de Ávila: “desde então para cá, não ressoou palavra eloquente e inflamada dentro das fronteiras de Espanha” (Heterodoxos españles II, 711).

Em 1782 pregou em Toledo, Ocaña e Aranjues, privando com o rei Carlos III e a corte, onde passou a ser estimado e venerado. Até 1795 calcorreou praticamente todo o território espanhol. Percorreu a pé 52000 quilómetros e deixou-nos mais de três mil sermões e muitas cartas espirituais, realizando o seu desejo de ser “capuchinho, missionário e santo”. Os últimos anos, de 1795 a 1801, foram passados em Andaluzia, sempre ocupado em trabalhos apostólicos e missionários. Fomentou com eficácia a devoção à SS. Trindade e a Maria com Mãe do Divino Pastor. Como eminente teólogo, foi eleito consultor de várias dioceses, cônego honorário em muitos cabidos de catedrais, sócio de universidades e institutos culturais, além de eficiente e ativo capelão militar.

Morreu a 24 de março de 1801 em Ronda (Málaga), onde costumava passar largas temporadas na cura de almas, em casa de alguns amigos que lhe prepararam um quarto e capela, em frente da igreja da Virgem da Paz, padroeira de Ronda, de quem frei Diogo era fervoroso devoto. A sua morte causou grande consternação em Espanha e foi anunciada até no Boletim Oficial do Estado a 26 de maio desse ano.

A mensagem de frei Diogo produziu abundantes frutos espirituais na sociedade espanhola do século XVIII, então em grandes convulsões sociais. Apesar das mudanças políticas que agitaram o país nos anos posteriores à sua morte, logo se iniciou o processo de beatificação. Leão XIII beatificou-o em 22 de abril de 1894.

 

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.